Brasília - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criticou os estados que informaram que não vão pedir prescrição médica para vacinar crianças de 5 a 11 anos no Brasil. "Pelo que eu saiba, a grande maioria deles não são médicos. Então, eles estão interferindo nas suas secretarias estaduais e municipais", disse o ministro em conversa com jornalistas na porta do Ministério da Saúde.

"A consulta pública é um instrumento da democracia, amplia a discussão sobre o tema e trará mais tranquilidade para os pais para que eles possam levar os seus filhos para a sala de vacinação livremente para imunizar contra a Covid-19", disse
"A consulta pública é um instrumento da democracia, amplia a discussão sobre o tema e trará mais tranquilidade para os pais para que eles possam levar os seus filhos para a sala de vacinação livremente para imunizar contra a Covid-19", disse | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Na última semana, o ministro afirmou que o ministério recomendaria a autorização da vacinação com o imunizante da Pfizer, desde que houvesse prescrição médica e consentimento dos pais para a aplicação. O imunizante da Pfizer já foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para essa faixa etária.

No mesmo dia, a pasta liberou um documento de consulta pública on-line para a população opinar sobre a vacinação infantil. A consulta ficará disponível no site oficial da pasta até 2 de janeiro.

Depois disso, a pasta vai decidir sobre a adesão de crianças desta faixa etária no PNI (Programa Nacional de Imunização). Ao ser questionado sobre o motivo de abrir uma consulta pública tendo em vista que isso não ocorreu em outras faixas etárias, ele declarou que esse já era um assunto pacificado.

"Esse é um assunto já pacificado, a recomendação do ministério está aí para que todos os brasileiros tomem conhecimento, para que a sociedade civil possa se manifestar. A consulta pública é um instrumento da democracia, amplia a discussão sobre o tema e trará mais tranquilidade para os pais para que eles possam levar os seus filhos para a sala de vacinação livremente para imunizar contra a Covid-19", disse.

O Ministério da Saúde divulgou nota nesta segunda-feira (27) dizendo que a vacinação de crianças de 5 a 11 anos deve começar em janeiro caso seja mantida a decisão de vacinar esse público. No texto, a pasta ainda afirma ser favorável à vacinação desse público. Porém, o ministro da Saúde ressaltou que a decisão depende do desfecho da consulta pública que está em andamento.

"No dia 5 de janeiro, após ouvir a sociedade, a pasta formalizará sua decisão e, mantida a recomendação, a imunização desta faixa etária deve iniciar ainda em janeiro", diz o comunicado.

No STF (Supremo Tribunal Federal), há uma ação movida pelo PT que cobra do governo um cronograma de imunização de crianças. O relator Ricardo Lewandowski determinou que o governo apresente o plano de vacinação para a faixa etária no dia 5 de janeiro.

Lewandowski também determinou que o governo Bolsonaro explique a decisão de recomendar a imunização de crianças mediante prescrição médica.

Um crítico da vacinação em crianças é o próprio presidente Jair Bolsonaro. Nas últimas semanas, ele tem lançado suspeitas quanto à segurança do imunizante. Nesta semana, o chefe do Executivo afirmou que sua filha Laura, de 11 anos, não será vacinada contra a Covid.

De acordo com dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), desde o começo da pandemia até 6 de dezembro deste ano, foram registradas 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos por Covid.

Em 2020, 2.978 crianças tiveram síndrome respiratória aguda grave em decorrência do coronavírus -156 delas morreram. Neste ano, foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes.