São Paulo, 02 (AE) - Quatro ônibus foram depredados hoje na zona leste da capital, depois que perueiros clandestinos expulsaram passageiros, cobradores e motoristas dos veículos. De alguns ônibus, os manifestantes furtaram bancos e peças. Enquanto isso, uma megablitz contra perueiros clandestinos promovida pela prefeitura resultou na apreensão de 35 peruas de lotação, confusão e medo. Às 13h45, na Rua Hipólito de Camargo, em Guaianases, um grupo de oito perueiros barrou a passagem de um ônibus da Autoviação São Judas Tadeu. Depois de obrigarem os passageiros a descer, "sequestraram" o veículo, levando o cobrador e o motorista. Minutos depois, bateram com o ônibus num poste na Rua Saturnino Pereira, no mesmo bairro. Os perueiros fugiram.
Entre 14 e 15 horas, três ônibus da Viação Pérola tiveram seus vidros quebrados e foram "depenados". Ninguém foi preso. Blitz - Sirenes ligadas, semáforos vermelhos ignorados e alta velocidade. A megablitz contra perueiros clandestinos promovida pela São Paulo Transporte (SPTrans) e Guarda Civil Metropolitana
hoje de manhã, teve a participação de 220 guardas-civis e 120 fiscais municipais. Trinta e cinco peruas foram apreendidas, mas
em contrapartida, algumas pessoas quase foram atropeladas e outras tiveram seus direitos de cidadão desrespeitados.
Alertados sobre a ronda - o comboio formado por dezenas de carros e camburões era visto a distância -, os perueiros clandestinos se esconderam. As principais vítimas foram os perueiros cadastrados, que eram parados bruscamente pelos guardas. Um carro era cercado por pelo menos sete camburões. A perua regular de Francisco Silva Alves, por exemplo, teve os documentos apreendidos em Cidades Tiradentes, na zona leste.
Essa foi a região de atuação do comboio pela manhã. Os fiscais também circularam por Sapopemba, Guaianases e Itaquera. Em Guaianases ocorreu um dos momentos de maior tensão. O perueiro Jobi Venturini Barbosa acelerou seu veículo quando viu o bloqueio. Sua perua teve o vidro traseiro estilhaçado por um tiro e ele sofreu agressões de um fiscal.
Edimar Amaral Silveira, de 19 anos, teve o seu Passat apreendido sem entender o motivo. "Eles me deram farol alto e eu pensei que era para acelerar", contou. Foi o bastante para a GCM fechar o cerco a Silveira. Guardas saíram com armas em punho e enquadraram o rapaz. Ele estava sem o documento do carro, mas nada foi encontrado em seu veículo. "Isso é abuso", disse ele.
Algo semelhante ocorreu em Cidades Tiradentes. Os guardas pararam um Monza porque o motorista havia insultado os colegas. "Ele é perueiro; vamos revistar", gritavam os guardas-civis. Revistaram todo o veículo e nada encontraram. Na Avenida Sapopemba, os veículos quase atropelaram um garoto e bateram na lataria de um carro para "pedir licença". Os passageiros ficavam amedrontados.
Constantina Teixeira chorava compulsivamente após a apreensão de uma perua, também em Sapopemba. "O motorista viu o comboio, ficou desesperado e falou que não pararia de jeito nenhum porque não tinha R$ 3 mil". Tarde - À tarde, entre 17 horas e 18h30, a equipe da SPTrans apreendeu sete lotações clandestinas na região de São Miguel, na zona leste. Na Marginal do Tietê, onde foi feita primeira apreensão, o comboio da fiscalização quase provocou um acidente, ao fechar uma perua irregular para evitar que um motorista fugisse. (Colaborou Ivana Moreira)