SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A cidade de São Paulo vai regredir para a fase amarela do Plano SP, assim como as outras regiões do estado que já estavam na fase verde. Com a decisão, comércios e serviços vão voltar a funcionar menos horas por dia.

A regressão de fase foi anunciada um dia após a eleição do segundo turno da capital paulista, vencida por Bruno Covas (PSDB) —o prefeito reeleito apoiado pelo governador do estado, João Doria (PSDB).

A mudança não altera o cronograma de volta às aulas, permitindo que as escolas continuem abertas.

Com a fase amarela, a ocupação dos estabelecimentos fica limitada a 40%; o funcionamento volta a ser de dez horas por dia, com limite de horário até as 22h; e eventos com público em pé ficam proibidos.

Cinemas e teatros não terão alteração no funcionamento. Já no caso dos parques, o horário de abertura depende da avaliação dos municípios. A medida começa a valer na próxima quarta-feira (2), após a publicação de decreto no Diário Oficial

A capital encontrava-se na fase verde, a mais branda em termos de restrições, assim como as regiões de Campinas, Sorocaba e Baixada Santista, totalizando 76% da população do estado. O restante de São Paulo permanece na fase amarela.

Com a queda no número de casos em setembro, as atualizações do Plano São Paulo, que eram feitas a cada duas semanas, passaram a ser mensais. No entanto, a atualização que deveria ter sido feita em 19 de novembro foi adiada para depois do segundo turno.

A justificativa, segundo o governo tucano, era a de que a instabilidade no sistema do Ministério da Saúde —ocorrida na semana anterior— poderia trazer distorção aos dados e algumas cidades poderiam migrar para a fase verde de maneira equivocada.

Em coletiva na tarde desta segunda-feira (30), o governador João Doria (PSDB), assim como os demais integrantes do Centro de Contingência do coronavírus reforçaram que a decisão de adiar a reclassificação do plano foi tomada com base na observação dos indicadores e negaram que houvesse qualquer fator político na decisão.

O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, ainda destacou que a decisão de migrar todas as 17 regiões do estado para a fase amarela se deu após a análise dos dados que chegaram na sexta-feira (27) e no sábado (28). Segundo dados da Secretária do Estado de Saúde de São Paulo, as internações, no sábado foram quase 20% superiores às de 28 dias atrás.

O estado registrou, na última semana, um aumento de 12% no número de óbitos e 7% na taxa de internações. Já o número de casos teve redução de 14%, segundo Gorinchteyn. A taxa de ocupação de leitos de UTI em São Paulo é de 52,2%. Na Grande SP essa taxa sobe para 59,1%.

A nova classificação terá validade até 4 de janeiro de 2021, mas pode ser alterada se for notada alteração nos indicadores, que passarão a ser reavaliados a cada sete dias.

Especialistas vinham alertando para a expansão preocupante da Covid em São Paulo nas últimas semanas.

O governo estadual e o municipal, contudo, resistiram a uma reanálise imediata da situação paulistana, apesar da crescente ocupação em hospitais privados de referência de leitos destinados a pacientes com o novo coronavírus.

Os hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês foram alguns dos que tiveram aumento recente nos casos de Covid, acendendo um alerta entre médicos em um momento em que as medidas de prevenção contra a doença, como distanciamento social, evitar aglomerações e usar máscaras vêm sendo continuamente desrespeitadas.

Nos hospitais municipais, muitos já reservaram alas para ampliação de leitos para tratamentos de pacientes com Covid-19. Segundo a prefeitura, nesta semana a rede ganharia mais 200 novos leitos de internações em enfermaria e UTI.

Questionado sobre o agravamento da pandemia em São Paulo tanto por jornalistas quanto por Boulos, seu adversário de pleito, Covas repetiu continuamente, nas semanas seguintes ao primeiro turno, dia 15, que a situação era estável.

“Há uma estabilidade da pandemia na cidade de São Paulo”, disse no sábado (28), além de condenar a desconfiança em relação aos dados da vigilância sanitária.

“A gente teve um aumento na quantidade de internações, mas há estabilidade em relação ao número de casos e óbitos. Desacreditar a vigilância sanitária é como desacreditar os dados do Inpe que apontam aumentos de queimada no Brasil. Esse tipo de ação é que partidariza e politiza um trabalho feito pelos técnicos da prefeitura”, disse.

O governo do estado realizará nesta terça-feira (1º) uma reunião on-line com os 62 municípios em que a situação de internações e casos por Covid-19 mais preocupam.

Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, são cidades com mais de 70 mil habitantes que apresentaram alta de 10% ou mais nas internações de pacientes com coronavírus ou que estão com mais de 75% dos leitos para tratamento da doença ocupados.

No próximo dia 7 de dezembro, outra reunião será feita com os novos prefeitos eleitos para explicar o funcionamento do Plano São Paulo e quais ações estão sendo tomadas.

Os municípios ainda serão orientados a aumentar a testagem, a fim de melhor rastrear a incidência da doença e promover o isolamento e tratamentos dos contaminados.

O governo também deve anunciar nos próximos dias um aumento da fiscalização no estado. Segundo Gorinchteyn, de 15 de julho a 15 de novembro foram feitas 110 mil inspeções e autuou mil estabelecimentos ou pessoas que descumpriam as regras. As ações serão intensificada e o número de fiscais deve quadruplicar, com a adesão dos municípios, de acordo com o secretário.

O governador disse ainda que pretende aplicar medidas para proibição de festas públicas ou privadas, a fim de evitar aglomerações. Sem dar detalhes, Doria afirmou que as medidas legais, que serão anunciadas, devem se sobrepor a determinações municipais.

"Não é hora de festa. Não é hora de celebração. Não é hora de comemorações. Só poderemos voltar a ter festas, comemorações, celebrações, depois da vacina", disse.