O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O governo federal anunciou na terça-feira (7) a exigência de quarentena de cinco dias para viajantes não vacinados contra a Covid-19 que chegarem ao Brasil. Após esse período de isolamento, será necessário apresentar um teste negativo do tipo RT-PCR para que o passageiro seja liberado.

Essas medidas visam conter, em especial, o avanço da variante ômicron no país, mas, para a médica infectologista Cláudia Carrilho, essas normativas não serão suficientes. “Não vai resolver, porque nesse intervalo entre o teste e a quarentena o vírus pode estar em período de incubação, ou seja, indetectável, mas transmissível”, explicou. “Além disso, ainda não ficou claro como será a logística dessas exigências, quem irá fazer o controle e os testes e onde esses viajantes estarão isolados”, acrescentou.

No fim do mês passado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) havia publicado notas com recomendações de que o governo federal exigisse o passaporte vacinal completo para permitir a entrada no Brasil, mas essa medida não será adotada, segundo o pronunciamento de Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, porque o país preza pela “defesa das liberdades individuais” e que essa exigência é também uma questão de “reciprocidade nas relações exteriores”.

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Carrilho lamentou a decisão de não seguir a recomendação da Anvisa. “Infelizmente, deixamos de usar um método eficaz de conter a doença com a exigência da vacinação, uma normativa já adotada em outros países como os Estados Unidos. É uma medida política se sobrepondo à decisão de um órgão técnico”, disse.

A médica, que também é coordenadora da CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) do HU (Hospital Universitário), lembrou que o Brasil vive um momento mais tranquilo na pandemia por conta da alta taxa de vacinação, mas pode se tornar um país atrativo para não-vacinados e correr o risco de voltar a sofrer com a doença, especialmente agora no fim do ano, período de maior circulação de pessoas.

De acordo com o boletim da Secretaria Municipal de Saúde, Londrina detectou um óbito e 15 novos casos na terça e tem atualmente 45 casos ativos, 30 em isolamento domiciliar e 15 internados (11 em UTI e quatro em enfermaria). A média móvel dos últimos sete dias é de 64,7. Ao todo, a cidade teve 88.895 casos confirmados de Covid-19 e 2.316 mortes.

“A vacina não impede a contaminação, mas minimiza os casos graves da doença, diminuindo as hospitalizações e evitando a sobrecarga dos sistemas de saúde das cidades. É uma proteção coletiva, se queremos ter liberdade, precisamos da vacina e tomarmos os cuidados necessários”, concluiu a infectologista.

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