Sem policiamento ostensivo na zona rural, o furto de gado de corte é um crime relativamente frequente nas propriedades paranaenses, mas mais recentemente, produtores de leite da Região Norte começaram a enfrentar o mesmo problema. Em Jaguapitã (Região Metropolitana de Londrina), a Estância Baobá teve 14 vacas furtadas em duas ocorrências registradas em menos de dois meses. Os crimes ameaçam a continuidade da produção de laticínios, atividade que já rendeu prêmios aos proprietários pela qualidade dos queijos, requeijão e manteiga orgânicos fabricados artesanalmente.

O primeiro furto aconteceu em 30 de agosto e os criminosos levaram sete vacas da raça jersey, sendo cinco delas em lactação. Na última quinta-feira (19), o alvo do furto foram sete vacas prenhes. Os 14 animais representam metade do rebanho criado na propriedade rural.

A Estância Baobá é administrada pelo casal Samuel e Lívia Trevisan, que têm conquistado notoriedade em razão dos prêmios recebidos. Lívia acredita que essa visibilidade tenha contribuído para colocar a propriedade rural na mira dos criminosos. “A gente acha que foram furtos encomendados”, comentou.

Os ladrões de gado agem durante a noite e a suspeita de Trevisan é de que eles tenham utilizado uma estrada rural para transportar os animais sem chamar a atenção. O casal teve acesso às imagens das câmeras de segurança instaladas em estabelecimentos comerciais de duas cidades vizinhas por onde, obrigatoriamente, os criminosos deveriam passar, mas não há registros. Em frente à entrada da propriedade há um estabelecimento comercial, mas as câmeras de segurança não captaram a movimentação dos bandidos.

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A Patrulha Rural da Polícia Militar foi acionada e boletins de ocorrência foram registrados na Polícia Civil, mas até agora, não houve uma resposta das autoridades policiais para o caso. “A Patrulha Rural disse que não poderia vir antes de seis horas. Eles não têm efetivo e acredito que por isso, pouco será feito”, disse Trevisan.

“Nosso rebanho é muito pequeno, a propriedade é muito pequena. E levaram metade do rebanho. No primeiro furto, nossa produção caiu pela metade. A gente continua entregando os queijos frescos, mas não consegue fazer tudo. E a gente também não consegue mais fazer os queijos maturados. Isso vai ter impacto na nossa produção do final do ano. Vai ficar difícil a produção de dezembro e janeiro”, lamentou a proprietária da estância.

Depois da primeira ocorrência, em agosto, foi organizada uma vaquinha virtual para arrecadar dinheiro para a instalação de dispositivos de segurança na propriedade rural. O orçamento mais em conta ficou em R$ 20 mil. Mas antes mesmo de alcançar a meta, os ladrões agiram novamente.

A arrecadação acontece no site www.vakinha.com.br e os interessados em colaborar podem procurar pelo título “Uma vakinha para outra vaquinha” ou pelo ID 4103397.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil e a Polícia Militar, mas não obteve resposta.