Lourdes Oliveira levou Juvenal, de quatro anos, para a castração
Lourdes Oliveira levou Juvenal, de quatro anos, para a castração | Foto: Simoni Saris

Castrar um animal não é só um ato de amor, mas também é uma questão de saúde pública. Com a esterilização, é possível conter o avanço populacional de cães e gatos, reduzir o número de bichos abandonados nas ruas, fazer o controle de zoonoses e prevenir o surgimento de doenças nos animais, como aquelas que acometem o sistema reprodutor, doenças mamárias e diabetes. A castração ainda ajuda a evitar as mortes por atropelamento, já que após o procedimento os animais tendem a ficar mais caseiros, e a diminuir comportamentos indesejados, como agressividade e demarcação de território.

Neste sábado (25), em Londrina, proprietários de animais são atendidos pelo programa estadual CastraPet Paraná. Cinco médicos veterinários contratados pelo governo do Estado passaram o dia no Parque Arthur Thomas (zona sul) realizando a castração de cães e gatos de tutores cadastrados nos programas municipais Banco de Ração e Castramóvel. A ação acontece das 8 às 17 horas e irá prosseguir na segunda (27) e terça-feira (28), no mesmo local e horário. A expectativa é atender, nos três dias, cerca de 230 animais.

O cadastro dos animais foi feito antecipadamente e não há mais vagas. A coordenação do programa chegou a abrir uma lista de espera com 30% a mais de interessados, mas essa lista também já foi fechada. Para participar, os requisitos os tutores devem estar inscritos no CadÚnico, Bolsa Família e ter renda mensal de até três salários mínimos. O objetivo é atingir tutores e protetores que não têm condições financeiras de arcar com os custos de uma castração, que gira em torno de R$ 600 para um cão de até dez quilos, fora a medicação prescrita para ser administrada no período pós-operatório.

“O tutor deve manter o animal em jejum de oito horas e, aqui, sai com a medicação, sai com o animal castrado e microchipado e sem custo nenhum”, destacou a médica veterinária e coordenadora técnica do Programa CastraPet, Girlene Jacob. Por dia, são agendados cerca de 85 animais, entre cães e gatos, machos e fêmeas.

A diarista Lurdes Domingos de Oliveira estava entre os protetores de animais contemplados pelo programa estadual. Ela aguardava a castração do cão Juvenal, de quatro anos de idade. “Fui procurada pelo pessoal da prefeitura que avisou sobre a castração. Os animais vão aparecendo na minha casa e eu cuido daqueles que a gente não consegue doar”, contou. Ela castra os animais com o dinheiro de suas economias, mas confessa que pesa no orçamento. “A castração do gato é cobrada por animal, do cachorro não, é por peso. À tarde eu vou trazer uma outra cachorra, grande, que se eu fosse pagar pela cirurgia, ficaria uns R$ 800”, comentou.

A auxiliar de serviços gerais aposentada Cícera Roque de Carvalho acolhe em sua casa 36 gatos, todos castrados. Neste sábado, ela levou outros cinco gatos para serem castrados pelo programa público. “São gatos que já estão doados e vou entregar para as pessoas já castrados. São quatro fêmeas e um macho. Se eu fosse pagar pela castração, sairia muito caro e não tenho como pagar. São muitos animais abandonados. As pessoas sabem que eu cuido e já jogam no meu quintal.”

Cícera Carvalho cuida de gatos abandonados
Cícera Carvalho cuida de gatos abandonados | Foto: Simoni Saris

O programa

Conduzido pela Sedest (Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo), o CastraPet começou em 2019 e, no primeiro ciclo, a ação foi realizada em 45 municípios paranaenses e 15 mil animais foram castrados. A ação deste sábado em Londrina integra o segundo ciclo do programa, que irá abranger outros 80 municípios do Estado até dezembro. No total, já foram investidos R$ 4,9 milhões no primeiro ciclo e R$ 2,5 milhões no segundo. Um terceiro ciclo já está planejado e pode chegar a 200 municípios.

“É uma satisfação muito grande participar desse programa. Trabalhamos com grandes coisas, grandes obras e cuidamos das coisas mais simples e humildes também para atender pessoas com poder aquisitivo menor, ONGs que cuidam de animais e cuidadores”, disse o secretário estadual de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, que esteve em Londrina acompanhando o início das ações do CastraPet neste sábado.

O programa funciona com emendas parlamentares e a listagem das cidades incluídas é enviada pela Assembleia Legislativa conforme as emendas obtidas pelos deputados. Em Londrina, o programa contou com uma emenda de R$ 50 mil proposta pelo deputado estadual Tiago Amaral (PSB).

Município

O programa estadual de castração de animais vem somar ao Castramóvel, lançado em 2020 pela Prefeitura de Londrina e que em todo o ano passado atendeu 5.767 animais, entre cães e gatos. Um investimento de quase R$ 640 mil. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, que coordena o programa, são realizados, em média, 50 atendimentos por dia e cerca de mil ao mês. Em 2021, mais de 6,1 mil cães e gatos foram submetidos à castração.

Para realizar o cadastro no Castramóvel, é preciso mandar uma mensagem para o WhatsApp (43) 99997-9755. O cadastro passará pela avaliação da equipe técnica da secretaria e somente após a aprovação é feito o contato para o agendamento da cirurgia.