Professores temporários da rede estadual de ensino em Londrina se mobilizaram nesta quinta-feira (19), em frente ao NRE (Núcleo Regional de Ensino), contra a aplicação de prova no PSS (Processo Seletivo Simplificado) por parte do governo do Paraná.

.
. | Foto: Luís Fernando Wiltemburg - Grupo Folha

Os manifestantes fixaram faixas em protesto à prova e pediam diálogo com o Estado, via NRE. Os professores temporários permaneceram dentro das grades do Núcleo, mas não ocuparam o interior do prédio. Mesmo assim, o NRE foi fechado pelos funcionários.

O protesto ocorre no segundo dia de ocupação da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), na tentativa de suspender a aplicação da prova, marcada para o dia 13 de dezembro.

Segundo os professores que permaneciam no NRE na tarde desta quinta, a reação à proposta do certame é, principalmente, pela aplicação dos testes em um período de pandemia, que levou o próprio governo a suspender todos os concursos previstos para 2020, e contra a cobrança de taxa, que varia de R$ 60 (para quem tenta apenas uma disciplina) a R$ 105 (para quem tenta duas).

Eles também ressaltam que as poucas vagas previstas para temporários, apenas 4 mil, não supririam os profissionais com contratos encerrados este ano.

Até o ano passado, o PSS analisava titulação (diplomas de graduação e pós-graduação e certificados de especializações) e experiência em sala de aula comprovada. A inscrição, totalmente virtual, também não tinha custos. Por outro lado, a aprovação no processo seletivo não é garantia de que o professor terá aulas atribuídas a ele.

Os professores Walfrido Soares Barbosa, de Filosofia e Artes, e Renan Roldão Caldo, de Sociologia e Ensino Religioso, ressaltam que nunca antes foi necessário fazer uma prova para assumir aulas temporárias. "Nós não temos medo de prova. Mas, só em Londrina, há cinco mil professores temporários. Uma prova atrairia dez mil professores. Onde eles seriam colocados? Em salas de aula fechadas no meio de uma pandemia? Se não pode aplicar prova para concurso público, por que ele [Renato Feder] quer fazer prova para professores temporários?", questiona Walfrido.

Renan Caldo também evidencia uma realidade em processos seletivos, que costumam atrair candidatos de outros Estados - no caso do Paraná, são comuns concorrentes de São Paulo e Santa Catarina. A prova será realizada nos grandes núcleos, nos grandes centros. Então, imagine a pressão social e humana nestas cidades, dentro de uma perspectiva que temos de aumento no número de contaminações pela covid", reforça.

Os professores ainda se preocupam porque, ao oferecer menos vagas, a categoria entender que os futuros temporários terão de dar aulas de disciplinas para as quais não são formados, como um professor de filosofia lecionando sociologia e vice-versa.

A manifestação no NRE foi organizada pelos próprios professores temporários, sem mobilização sindical ou partidária - entretanto, a APP-Sindicato (sindicato dos professores da rede estadual), ao saber do protesto, ofereceu apoio com lona, água, lanches e outros apoios necessários, como jurídico, caso necessitem.

O presidente do APP-Sindicato em Londrina, Márcio André Ribeiro, afirma que a entidade é solidária ao movimento. De acordo com ele, a projeção é que cerca de 29 mil contratos sejam rompidos em dezembro - é normal o fim dos trabalhos temporários ao encerrar o ano letivo.

“A projeção indica que, lá pelo natal, teremos por volta de 28 mil desempregados, entre professores e professoras temporárias. Entendemos que é uma situação desesperadora, porque esta prova significa que todos estarão desempregados, e, de todos eles, o edital prevê a contratação de 4 mil apenas. É um cenário de desemprego em massa dentro da categoria e um absurdo uma medida desta a esta altura da pandemia”, afirma.