Os professores da UEL (Universidade Estadual de Londrina) aprovaram a suspensão da greve iniciada há mais de 30 dias. Após quase duas horas de assembleia, cerca de 200 docentes aprovaram um calendário de mobilização e a proposta de suspensão da greve. A expectativa é que o Cepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) determine a retomada do calendário, suspenso no início de julho, para segunda-feira (5),

Para o presidente do Sindiprol/Aduel, sindicato que representa professores da UEL e parte dos docentes da Uenp (universidade Estadual do Norte do Paraná) e da Unespar (Universidade Estadual do Paraná), Ronaldo Gaspar, o período de paralisação foi "positivo, pois permitiu ampla discussão entre docentes, outras categorias de servidores públicos estaduais e sociedade civil sobre a situação das universidades". No entanto, Gaspar ressaltou que pauta de reivindicações dos docentes ainda não foi contemplada pelo governo, faltando itens como a nomeação de docentes já aprovados e a abertura de novos concursos.

Para Gaspar, o saldo positivo da greve de todas as categorias foi o compromisso do governo em retirar de pauta o Projeto de Lei Complementar 04/2019, que congela a data-base e impede progressões de carreira. Os docentes defendem que a defasagem nos vencimentos já chega a 17% nos últimos 40 meses e o governo ofereceu proposta de reposição de 2% inflação de 2018 em janeiro do ano, além de outras duas parcelas de 1,5% e 0,5%, o que não foi aceito.

Na tarde desta quarta-feira (31), a assembleia teve início com esclarecimentos do reitor da UEL, Sérgio Carvalho, sobre uma suposta tratativa com o governo para a renovação das horas dos professores temporários até o final semestre - quantitativo de 8.366 horas. O suposto acordo vinculava a renovação à implantação do sistema de gestão Meta 4 na UEL. Além da UEL, UEM (Universidade Estadual de Maringá) e Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) também não adotaram o sistema.

Em nota, a UEL esclarece que assumiu um compromisso com o governo de reduzir em 10% o número de horas extras no segundo semestre, além de realizar um “estudo dos elementos que estão incluídos na folha de pagamento e que ensejam dúvidas”. A UEL também esclareceu que, em relação ao Meta 4, ficou acordada a criação de um grupo de trabalho técnico para que sejam criadas soluções que não impliquem em entraves na gestão de pessoal e que impeçam o controle prévio da folha de pagamento.

“É importante lembrar que o governo, ao dar a anuência para a contratação de temporários, está explicitando para todos que a universidade precisa de docentes e, portanto, nada mais justo que nomear os docentes já concursados e abrir novos concursos para contemplar estas vagas, porque se estas vagas já estivessem ocupadas nós não teríamos este problema bimestral de ter que ficar negociando horas com o governo do Estado”, avaliou Gaspar. Nesta quinta-feira (1º), uma panfletagem deve ser realizada pelos professores no Calçadão de Londrina.

Na UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), 90% dos alunos estão sem aulas em razão da greve dos professores. A última assembleia, realizada no dia 24 de julho, terminou com a rejeição da proposta de reposição salarial feita pelo governo do Estado. “Ainda não temos fato novo que justifique convocação de nova assembleia. Se o governo sentar para negociar, podemos discutir os rumos da paralisação”, afirmou o presidente do SINDUEPG (Sindicato dos Docentes da UEPG), Marcelo Ferracioli.

A pauta de reivindicações inclui reposição salarial de 17,04% até abril deste ano (segundo cálculos do Dieese), arquivamento do Projeto de Lei Complementar 04/2019 que trata da carreira dos servidores públicos, arquivamento da minuta da Lei Geral das Universidades, contratação de professores aprovados em concurso público e realização de um novo concurso para suprir vagas em aberto.

“O projeto de lei autoriza congelamentos dos salários por 20 anos, acaba com promoções e progressões na carreira e elimina direitos já consolidados, como licença prêmio. Caso se torne lei, será um golpe duro para o funcionalismo. Aguardamos o retorno das atividades da Assembleia Legislativa no dia 5”, explicou. Conforme Ferracioli, mais de 260 docentes aprovados em concurso público aguardam nomeação.

Na Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), cerca de 80% dos alunos estão sem aulas. Segundo representantes do Adunicentro (Sindicato dos Docentes da Unicentro), uma assembleia deve ser agendada na próxima semana.

Os estudantes da UEM (Universidade Estadual de Maringá) retornariam para o segundo semestre na última segunda-feira (29). No entanto, o calendário das atividades permanece suspenso. Uma reunião nesta quinta-feira deve debater apenas a suspensão do calendário para que as contratações dos professores temporários, autorizada pelo governo do Estado, não sejam prejudicadas. No entanto, a retomada das atividades depende do fim da greve. Representantes da Adunioeste (Sindicato dos Docentes da Unioeste) não foram localizados pela reportagem.

O governo do Estado autorizou nesta quarta-feira (30) a renovação de contratos de professores temporários das universidades estaduais.