As salas de aula da UEL (Universidade Estadual de Londrina) amanheceram vazias nesta terça-feira (22). Os professores da instituição - seguindo o que foi decidido também pelas outras seis universidades - cruzaram os braços por um dia como forma de reivindicar a aprovação do PCCS (Plano de Cargos, Carreira e Salários).

Os docentes também fizeram uma assembleia e aprovaram a realização de uma nova assembleia no dia 4 de setembro para avaliar o cenário estadual e, se não houver uma proposta, a possibilidade de retorno do movimento grevista.

Durante a greve realizada entre maio e junho, a principal bandeira da categoria foi o pagamento da data-base à época de 42%, resultado de sete anos de acúmulo. O governo do Estado acabou pagando 5,79% para todo o funcionalismo neste mês de agosto.

Mas nesse período também foi colocada em pauta a mudança nas carreiras a partir de um documento construído dentro da Apiesp (Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público). E, em meio à paralisação docente, foi sinalizado por entidades e pela própria administração que a volta à normalidade poderia fazer o PCCS tramitar.

O presidente do Sindiprol/Aduel, Cesar Bessa, afirma que a categoria está na expectativa de que o governo estadual apresente à Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) uma proposta do plano de carreiras.

“Havia uma proposta que foi proposta e encaminhada, passou pela Seti [Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior], pela Seap [Secretaria da Administração e da Previdência] e, pelo conhecimento que temos, está em trânsito na Casa Civil”, disse o presidente, apontando que há informações de que o documento pode tramitar entre o fim de agosto e o início de setembro. “E é isso que está sendo para nós por representantes do Legislativo e do Executivo.”

Segundo Bessa, outro ponto importante é que o PCCS seja apresentado às entidades sindicais antes de ser discutido na Assembleia Legislativa. Pelos moldes propostos pela Apiesp, é previsto um reajuste da ordem de 14,5% no piso salarial.

Ao mesmo tempo em que houve paralisação das atividades na UEL, um grupo de professores foi até Curitiba para cumprir agenda na Seti e na Alep. Durante a assembleia, foi informado que o secretário Aldo Bona participou de uma reunião com os docentes e afirmou que a contraproposta do PCCS será posta em pauta ainda em agosto.

A informação está em consonância com o que trouxe a FOLHA na última semana. Em nota, a secretaria revelou que “o governo do Estado está analisando a possibilidade de atualização da carreira docente e pretende apresentar uma proposta até o final deste mês mês de agosto”.

“A expectativa e a ansiedade dos docentes é muito grande, porque a defasagem salarial persiste”, disse Bessa, que ressaltou que uma nova greve deve ser decidida pelos professores. “A luta precisa ser fortalecida pelo conjunto.”

MOMENTO DE IMPASSE

O professor Edmilson Lenardão, do Departamento de Educação da UEL, afirmou que os docentes estão em uma condição “muito ruim” devido às perdas salariais e que o governo do Estado ainda não apontou uma perspectiva de recomposição salarial.

“Há uma possibilidade de redução dos nossos prejuízos por meio do PCCS. A assembleia decidiu por concordar que esse plano pode, de alguma maneira, reduzir nossas perdas, embora não recomponha nosso salário do ponto de vista da inflação”, apontou.

Caso a administração apresente uma proposta nos moldes do que foi colocado na mesa pela Apiesp, Lenardão acredita que “os docentes estarão concordando em aceitar esse plano como uma recomposição salarial, ainda que parcial”.

No entanto, se não surgir uma contraproposta, avaliou o professor, não haverá outro caminho além do retorno à greve. “Tudo que nós poderíamos e deveríamos fazer antes da greve, nós fizemos. O momento é de impasse e expectativa para que o governo apresente a proposta do plano de carreira”, completou.

(Matéria atualizada às 12h20)