Professores de seis universidades estaduais paralisam atividades por um dia
Apenas os docentes da UEM votaram, em sua maioria, contrários ao ato; cobrança é por recomposição das perdas salariais
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quarta-feira, 31 de julho de 2024
Apenas os docentes da UEM votaram, em sua maioria, contrários ao ato; cobrança é por recomposição das perdas salariais
Jéssica Sabbadini - Especial para a Folha
Docentes de seis instituições públicas de ensino superior do Paraná vão paralisar as atividades nesta quinta-feira (1°) em razão da defasagem salarial, estimada em 39,5%. A suspensão das atividades por um dia foi votada e aprovada por professores da UEL (Universidade Estadual de Londrina), UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná) e Unespar (Universidade Estadual do Paraná). Apenas na UEM (Universidade Estadual de Maringá) a maioria dos professores votou em assembleia pela manutenção das atividades.
Secretário do Sindiprol/Aduel, que representa os docentes da UEL, Ronaldo Gaspar, aponta que, entre as reivindicações que motivaram a paralisação, estão as perdas salariais, que são de 39,5% ao longo dos últimos oito anos. A cobrança, segundo ele, é pelo pagamento imediato e integral da recomposição salarial e pela abertura de uma mesa de negociação para tratar das demandas salariais da categoria.
Ele detalha que, hoje, um docente que trabalha 40 horas semanais recebe um salário de R$ 3.607,51. Por outro lado, o piso pago aos professores da educação básica é de R$ 4.580,57 e o de um técnico de ensino superior da própria universidade é de R$ 7.801,94.
De acordo com Gaspar, outras assembleias serão agendadas nas próximas semanas. “Quanto à greve, se haverá ou não depende da postura do governo, que, até agora, tem sido marcada pela intransigência e pela permanente negação do direito à recomposição salarial. Se o governo cumprir com a sua obrigação trabalhista e legal, não haverá motivo algum para greve”, afirma.
Ao longo desta quinta-feira (1), será disponibilizado um carro de som, assim como os docentes vão fazer uma panfletagem e passeata pelo campus da UEL e pelo CCS (Centro de Ciências da Saúde), no HU (Hospital Universitário) de Londrina.
Única universidade a não aprovar a paralisação, a votação entre os docentes da UEM não foi unânime, aponta o presidente da Sesduem Thiago Ferraiol, detalhando que 40% dos docentes na assembleia votaram pela paralisação e 60% foram contrários. Apesar de não aderirem, ele afirma que “a direção da Sesduem e muitos professores apoiam o ato e estarão construindo manifestações, mesmo sem fazer paralisação das atividades neste dia”.
Serão feitas panfletagens nos portões, diálogo com a comunidade e a elaboração de materiais para que os docentes conversem com os alunos em sala de aula. “Apesar de não ter aderido à paralisação neste momento, a direção da Sesduem entende que é necessário ampliar o movimento e pretende colocar outras paralisações em pauta nas próximas assembleias caso o governo do Estado siga com o calote”, finaliza.
Presidente da Adunioeste, que representa os docentes da Unioeste, Sabrina Grassiolli lamenta o fato de que mais uma vez as universidades estaduais precisam para as atividades para que um direito básico - a reposição das perdas salariais - seja atendido. A paralisação dos docentes da Unioeste conta com o apoio também do SinteOeste, que integra os servidores técnicos da instituição.
“Faremos um grande ato de paralisação para mostrar mais uma vez ao governo do Estado a nossa indignação frente ao desrespeito, à desvalorização e à precarização do trabalho docente nas universidades paranaenses, assim como o ataque aos servidores e técnicos e ao desrespeito aos estudantes e à educação pública do Paraná”, afirma Grassiolli.
Em nota, a Seti (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) manteve posicionamento assumido durante as últimos semanas e reafirmou “o respeito aos servidores públicos, reconhecendo o direito à livre manifestação e reivindicação, e ressalta que essas decisões precisam ser tomadas de forma coletiva, observando a vontade da maioria dos servidores e não somente de pequenos grupos”.
Em relação aos ganhos salariais dos docentes, a Seti informou que foi concedido um aumento de 5,79% para a categoria, a partir de 1º de agosto de 2023, além de ter aumentado os percentuais de Adicional de Titulação (AT) para os professores das sete universidades estaduais. “Para os professores com título de doutorado, por exemplo, esse percentual subiu de 80% para 105%. Os ganhos salariais desses aumentos variam conforme a classe e o nível de desenvolvimento na carreira de cada professor, podendo chegar a até 20%”, disse em nota.
“Os valores referentes ao AT estão em vigor desde 2023 e foram aplicados retroativamente na folha de pagamento de janeiro de 2024, com efeitos a partir de dezembro de 2023. Essas medidas demonstram o compromisso do Estado com a carreira do Magistério Público do Ensino Superior do Paraná”.