Os professores da UEL (Universidade Estadual de Londrina) aprovaram, em assembleia do Sindiprol/Aduel realizada nesta quinta-feira (4), uma greve por tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira (8). Os docentes lotaram o anfiteatro maior do CLCH (Centro de Letras e Ciências Humanas) para discutir a deflagração do movimento.

A categoria cobra uma recomposição salarial da ordem de 42%, percentual referente à data-base dos últimos sete anos
A categoria cobra uma recomposição salarial da ordem de 42%, percentual referente à data-base dos últimos sete anos | Foto: Douglas Kuspiosz

A categoria cobra uma recomposição salarial da ordem de 42%, percentual referente à data-base dos últimos sete anos. O valor vem se acumulando ano a ano e causando descontentamento da classe. Em março deste ano, o governador Ratinho Junior (PSD) acenou com um reajuste de 5,79% para todos os 271 mil servidores ativos e inativos do Estado. Essa reposição está prevista para ser paga em agosto de 2023.

O presidente do Sindiprol/Aduel, Cesar Bessa, disse que a ampla maioria dos professores apoiou o procedimento da greve, acatando a sugestão da diretoria e do comando de mobilização. Uma segunda proposta, de manter o indicativo de greve e votar a deflagração na próxima quinta-feira (11), foi derrotada.

“É uma ampla maioria, a gente vê os professores realmente se queixando bastante, se queixando que o orçamento está ficando escasso, cada um tem seu orçamento constituído. Depois de sete anos [sem a recomposição da inflação], você ter o poder de compra diminuído em 42%, afeta sua vida, sua alimentação, planos de saúde, transporte e tudo mais”, disse.

Bessa afirma que será realizada uma assembleia na segunda-feira, para organizar os próximos passos do movimento, e outra na quinta-feira (11), para reavaliar a paralisação. O presidente também informou que a administração da UEL será notificada para discutir a suspensão imediata do calendário acadêmico.

REUNIÃO

Para a próxima quarta-feira (10), está prevista uma reunião entre o FES (Fórum das Entidades Sindicais do Paraná) e o governo do Estado para discutir as demandas da categoria. No entanto, Bessa lembra que a administração estadual já adiou esse encontro em outras oportunidades.

“O Comando Sindical Docente também tem feito requisições, ofícios nesse sentido, mas não tem resposta do governo. A gente gostaria que o governo sentasse realmente conosco e discutisse novas condições sem ser essa de 5,79%, que é indigno diante de 42% de defasagem salarial. Esperamos que o governo nos chame para a conversa e que a gente consiga tabular um processo de negociação que mude esse panorama”, destacou.

DOCENTES

Durante a assembleia, a direção do sindicato avaliou que a proposta de 5,79% de reajuste é “desrespeitosa” e reformou a falta de diálogo por parte do governo estadual. “O movimento de diálogo por parte dos sindicatos sempre existiu”, disse uma professora presente na mesa diretiva.

A professora Adriana Medeiros Farias, do Departamento de Educação, acredita que a assembleia foi importante para a categoria, que sinalizou parte de uma organização que já vinha acontecendo em decorrência dos outros encontros - não à toa, foi constituído um comando de mobilização na universidade.

“Nós estamos em um momento de mobilização. Sinalizamos que a categoria não vai ceder a qualquer tipo de proposta vergonhosa, como essa proposta do percentual apresentado pelo governo. É fundamental entender que a reposição salarial é a pauta principal, que fez com que hoje a gente deflagrasse a greve”, afirma a docente.

Rozinaldo Antonio Miani, professor do Departamento de Comunicação, acredita que a decisão de deflagrar a greve neste momento foi acertada, levando em conta a categoria presente na assembleia e a realidade dos professores.

“Era aquilo que se esperava, que se desejava, e foi confirmado. À medida que essa decisão e a própria greve vai se constituindo, se consolidando, minha expectativa é que a adesão vá acontecendo”, disse, pontuando que essa é uma situação insustentável em decorrência da defasagem salarial.

“O momento é insustentável em todos os sentidos. Na realidade objetiva do docente, isso expresso de maneira muito contundente por vários professores nas suas intervenções, e aquilo que é a realidade que a gente tem acompanhado e vivenciado do impacto que essa defasagem salarial está produzindo na realidade dos docentes, e que também é extensiva a todos os servidores”, avaliou.

MOVIMENTO

A partir da paralisação da UEL, a tendência é a formação de um movimento unificado entre as universidades estaduais do Paraná. Há previsão de outras assembleias a serem realizadas na próxima semana, já que as outras seis instituições estão com indicativo de greve.

GOVERNO

À FOLHA, a Seti (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) afirmou em nota que tem discutido as pautas que envolvem professores e funcionários das universidades estaduais com lideranças e sindicatos que representam as categorias.

“A proposta apresentada para reposição salarial foi encaminhada para avaliação das demais áreas do Estado, uma vez que envolve aspectos orçamentários. O diálogo segue aberto”.

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