Professora agredida em Piraquara faz exame de corpo de delito
Após se recusar a levar passageira até aldeia indígena, motorista de aplicativo teria tentado arrancá-la do carro pelos cabelos
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 25 de abril de 2022
Após se recusar a levar passageira até aldeia indígena, motorista de aplicativo teria tentado arrancá-la do carro pelos cabelos
Simoni Saris - Grupo Folha

A professora Dayane Padilha, 33, deverá realizar o exame de corpo de delito nesta segunda-feira (25). Ela afirma ter sido agredida por um motorista de aplicativo que se recusou a finalizar a corrida até uma aldeia indígena em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba). O caso aconteceu na última quarta-feira (20) e foi registrado em vídeo pela vítima, que contou ter sido retirada à força do veículo pelos cabelos, além de ter recebido um soco na cabeça desferido pelo motorista.

Padilha contou que chamou um carro pelo aplicativo 99 após fazer compras em um mercado na região central de Piraquara. Segundo ela, por uma falha no GPS, o aplicativo não indiciou ao motorista o trajeto correto, que seria a entrada do Território Floresta Indígena Estadual Metropolitano. Ao ser informado pela professora que o destino final ficava um pouco mais além do que o mostrado pelo aplicativo, o motorista teria exigido um valor extra de R$ 15 para finalizar a corrida em razão do acesso à aldeia não ser pavimentado, o que poderia resultar em danos ao veículo.
Diante da recusa de Padilha de pagar um valor maior que o calculado pelo serviço, o motorista começou a falar palavrões e pediu para que ela descesse do carro, caso contrário ele chamaria o pai dele, que é policial, para retirá-la do veículo. O motorista disse que não era obrigado a fazer um trajeto maior do que o mostrado pelo GPS e, em seguida, informou que a levaria de volta ao ponto de partida, o que seria um procedimento padrão recomendado pela empresa de transporte.
OFENSAS
No trajeto de volta, o motorista teria retomado as ofensas. “Me chamou de pobre, de pé de barro, de índia piranha (em referência à descendência indígena da professora). Foi quando pensei em gravar um vídeo para enviar à 99 para que ele fosse desligado do aplicativo porque não estava certo ele me ofender daquele jeito”, relatou a professora.
O vídeo mostra parte das ofensas e a agressão física. Ao ver que Padilha registrava tudo com o celular, o motorista tenta atingi-la com um soco. Em seguida, ele para o carro, desce, abre uma das portas traseiras, destrava o cinto de segurança utilizado pela professora e a força a sair do veículo. Padilha disse ter sido puxada pelos cabelos. No vídeo, aos gritos, ela diz que vai deixar o veículo espontaneamente e implora para que ele pare com as agressões. Mas ele continua. “Caí no chão, machuquei os joelhos e ele deu um murro na minha cabeça na hora em que foi me soltar. Comecei a gritar para que ele devolvesse minhas compras e ele jogou as sacolas no meio da rua. Perdi parte dos mantimentos que estava levando para doar à aldeia. Ele foi embora e pedi ajuda a um carro que estava passando. Me levaram a um local mais movimentado e pude chamar o pessoal da aldeia para me buscar.”

O Boletim de Ocorrência foi registrado na sexta-feira (22), na 6ª Delegacia Regional de Piraquara. A vítima também procurou atendimento em uma unidade de pronto atendimento e fará o exame de corpo de delito na manhã desta segunda-feira, no IML (Instituto Médico Legal), acompanhada de um advogado.
Padilha afirmou que irá processar o motorista e avalia a possibilidade de também mover uma ação contra a empresa de transporte por aplicativo. “Desejo que ele (motorista) perca o direito de dirigir profissionalmente. Pretendo encaminhar uma solicitação ao Detran para que a licença dele seja cassada. Pretendo levar para frente o processo porque não é justo que isso passe batido. A impunidade gera empoderamento da maldade e da violência. Quero que ele arque com as consequências do que ele fez”, disse a professora.
Em nota encaminhada à imprensa pela assessoria do aplicativo 99, a empresa informou que o motorista teve o perfil bloqueado e uma equipe foi mobilizada para prestar atendimento à vítima.
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