A professora Dayane Padilha, 33, deverá realizar o exame de corpo de delito nesta segunda-feira (25). Ela afirma ter sido agredida por um motorista de aplicativo que se recusou a finalizar a corrida até uma aldeia indígena em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba). O caso aconteceu na última quarta-feira (20) e foi registrado em vídeo pela vítima, que contou ter sido retirada à força do veículo pelos cabelos, além de ter recebido um soco na cabeça desferido pelo motorista.

A professora diz que teve os cabelos arrancados pelo motorista durante a agressão
A professora diz que teve os cabelos arrancados pelo motorista durante a agressão | Foto: Acervo pessoal

Padilha contou que chamou um carro pelo aplicativo 99 após fazer compras em um mercado na região central de Piraquara. Segundo ela, por uma falha no GPS, o aplicativo não indiciou ao motorista o trajeto correto, que seria a entrada do Território Floresta Indígena Estadual Metropolitano. Ao ser informado pela professora que o destino final ficava um pouco mais além do que o mostrado pelo aplicativo, o motorista teria exigido um valor extra de R$ 15 para finalizar a corrida em razão do acesso à aldeia não ser pavimentado, o que poderia resultar em danos ao veículo.

Diante da recusa de Padilha de pagar um valor maior que o calculado pelo serviço, o motorista começou a falar palavrões e pediu para que ela descesse do carro, caso contrário ele chamaria o pai dele, que é policial, para retirá-la do veículo. O motorista disse que não era obrigado a fazer um trajeto maior do que o mostrado pelo GPS e, em seguida, informou que a levaria de volta ao ponto de partida, o que seria um procedimento padrão recomendado pela empresa de transporte.

OFENSAS

No trajeto de volta, o motorista teria retomado as ofensas. “Me chamou de pobre, de pé de barro, de índia piranha (em referência à descendência indígena da professora). Foi quando pensei em gravar um vídeo para enviar à 99 para que ele fosse desligado do aplicativo porque não estava certo ele me ofender daquele jeito”, relatou a professora.

O vídeo mostra parte das ofensas e a agressão física. Ao ver que Padilha registrava tudo com o celular, o motorista tenta atingi-la com um soco. Em seguida, ele para o carro, desce, abre uma das portas traseiras, destrava o cinto de segurança utilizado pela professora e a força a sair do veículo. Padilha disse ter sido puxada pelos cabelos. No vídeo, aos gritos, ela diz que vai deixar o veículo espontaneamente e implora para que ele pare com as agressões. Mas ele continua. “Caí no chão, machuquei os joelhos e ele deu um murro na minha cabeça na hora em que foi me soltar. Comecei a gritar para que ele devolvesse minhas compras e ele jogou as sacolas no meio da rua. Perdi parte dos mantimentos que estava levando para doar à aldeia. Ele foi embora e pedi ajuda a um carro que estava passando. Me levaram a um local mais movimentado e pude chamar o pessoal da aldeia para me buscar.”

Dayane Padilha também sofreu escoriações na perna
Dayane Padilha também sofreu escoriações na perna | Foto: Acervo pessoal

O Boletim de Ocorrência foi registrado na sexta-feira (22), na 6ª Delegacia Regional de Piraquara. A vítima também procurou atendimento em uma unidade de pronto atendimento e fará o exame de corpo de delito na manhã desta segunda-feira, no IML (Instituto Médico Legal), acompanhada de um advogado.

Padilha afirmou que irá processar o motorista e avalia a possibilidade de também mover uma ação contra a empresa de transporte por aplicativo. “Desejo que ele (motorista) perca o direito de dirigir profissionalmente. Pretendo encaminhar uma solicitação ao Detran para que a licença dele seja cassada. Pretendo levar para frente o processo porque não é justo que isso passe batido. A impunidade gera empoderamento da maldade e da violência. Quero que ele arque com as consequências do que ele fez”, disse a professora.

Em nota encaminhada à imprensa pela assessoria do aplicativo 99, a empresa informou que o motorista teve o perfil bloqueado e uma equipe foi mobilizada para prestar atendimento à vítima.

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