Um professor da UTFPR (Universidade Federal Tecnológica do Paraná) foi acusado de matar um cachorro com um golpe na cabeça em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. O crime teria ocorrido na quinta-feira da semana passada, dia 19, na frente de uma criança de 12 anos, nas proximidades de uma lagoa no bairro Recreio da Serra.

O boletim de ocorrência foi registrado no dia seguinte na 6ª Delegacia Regional de Piraquara. Segundo a denunciante, Gelcina Aparecida Rodrigues Alencar, ela e a filha de de 12 anos voltavam para casa com dois cachorros, por volta das 17h30 de quinta-feira, quando Carlo Pece, morador da região, agrediu o animal com um pedaço de madeira. A cachorrinha Cereja, uma vira-latas com 11 anos de idade e peso de 3,3 kg, entrou em convulsão e morreu após ser levada para uma clínica veterinária.

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“Fomos pescar, quando a gente estava voltando com os dois cachorros, ele (Pece) estava fazendo corrida com o cachorro dele. Quando ele viu a gente segurou o cachorro dele pela coleira e a Cereja começou a latir. Mas ela nem avançou, só latiu”, disse Gelcina Alencar. Segundo ela, Pece carregava um pedaço de madeira. “Ele deu uma paulada na cabeça dela e bateu no outro cachorro também. O outro é grande, mas a cachorrinha foi só ele bater para ela cair.” Gelcina disse que a filha ficou desesperada e começou a chorar. Pece ainda teria dito para a mulher “cuidar dos cachorros”.

TRAUMATISMO CRANIANO

O laudo da morte foi feito pela clínica veterinária Pet & Vet, de Piraquara. O animal foi atendido por volta das 18h20 do mesmo dia, “convulsionando e com perda da consciência”. “Com base nos sinais clínicos apresentados e no histórico fornecido pela tutora, foi diagnosticada a suspeita de traumatismo craniano”, diz o documento.

“Foram realizadas as medidas de suporte, incluindo a estabilização do paciente e a administração de medicamentos para controlar as convulsões, frequência cardíaca e respiratória. Infelizmente, apesar dos esforços da equipe médica veterinária, o animal não resistiu às graves lesões decorrentes do traumatismo craniano e veio a óbito, às 19h48.”

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Em nota, a UTFPR mostrou indignação com a agressão e se colocou à disposição da polícia durante as investigações. “A UTFPR recebe com indignação a informação sobre a denúncia de maus-tratos a um animal, que teriam sido cometidos por um servidor da instituição. Por se tratar de um ato praticado fora da Universidade, a apuração do ato deve ficar a cargo das autoridades externas competentes. De todo modo, a Instituição se põe à disposição dessas autoridades para prestar os esclarecimentos necessários”, diz a nota.

CRIME DE MAUS-TRATOS

Carlo Pece é professor do DAELT-CT (Departamento Acadêmico de Eletrotécnica) da UTFPR e dá aulas nos cursos de Engenharia Elétrica e de Engenharia de Controle e Automação. A assessoria da UTFPR informou que o professor não autorizou a instituição a fornecer seu contato. A reportagem da FOLHA não conseguiu contato com a 6ª Delegacia Regional de Piraquara na tarde desta segunda-feira para obter mais informações sobre a investigação.

O crime de maus-tratos a animais é previsto na lei federal 9.605, alterada pela 14.064, de 2020. A pena prevista para agressões a cães e gatos é de dois a cinco anos de prisão, multa e proibição da guarda. Em caso de morte do animal, a pena pode ser aumentada de um sexto a um terço. Segundo a Polícia Civil, desde 2019 foram registradas mais de 20 denúncias em todo o estado e cerca de 1,8 investigações foram instauradas neste ano. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 181, da Polícia Militar, em uma delegacia ou no site da Polícia Civil, no endereço https://www.policiacivil.pr.gov.br.