Agência Estado
Do Rio
A procuradora da República Gisele Elias Porto Santoro descartou ontem a possibilidade de interditar a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Um duto da Reduc se rompeu no dia 18 de janeiro e vazaram 1,3 milhão de litros de óleo.
Acompanhada por dois técnicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro e de um delegado da Polícia Federal, a procuradora esteve no local para fazer uma vistoria e apurar denúncias do Sindicato dos Petroleiros de Caxias (Sindipetro). De acordo com a entidade, a refinaria não teria condições para funcionar em segurança.‘‘Pelo que eu vi, não há necessidade de interdição da Reduc ou mesmo de qualquer medida emergencial para garantir sua operação’’, afirmou a procuradora.
Os sindicalistas fazem alertas há anos. ‘‘Vários equipamentos estão deteriorados e há riscos de um acidente de maior proporção do que esse na Baía de Guanabara’’, disse o presidente do Sindipetro, Nilson Cesário. Segundo ele, o sindicato entregou um dossiê ao Ministério Público Federal em 1997, alertando para a possibilidade de um grave acidente na refinaria.
O documento foi preparado depois de um vazamento de óleo na baía que atingiu manguezais próximos à refinaria, no mesmo local onde foi registrado o acidente de janeiro.
Segundo Cesário, a baía recebeu no acidente de janeiro 4 milhões de litros de óleo, não 1,3 milhão.‘‘O duto que estourou tinha capacidade de pressurização de 2,2 milhões de litros de combustível, mas a Petrobras disse ao Ibama que só encontrou dentro dele 44 mil litros; então, para onde foram os 2,156 milhões de litros restantes?’, perguntou.
Entre as supostas irregularidades levantadas pelo Sindipetro está a instalação de uma válvula de controle do duto de combustível para avião que fica entre a Reduc e o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Antonio Carlos Jobim. De acordo com Cesário, a válvula está instalada no meio da de uma comunidade, sem nenhuma segurança. ‘‘Essa válvula de controle está numa área de risco, onde qualquer um pode manuseá-la e provocar um derramamento de combustível de grandes proporções’’, afirmou. O sindicalista acusou ainda a Petrobrás de contratar uma empresa particular para fazer a manutenção de uma turbina de bombeamento de óleo que não funciona.’
A assessoria de imprensa da Reduc disse que só vai se pronunciar sobre qualquer problema técnico-operacional após o fim das investigações do MP. O laudo da vistoria de ontem será anexado ao inquérito que apura possíveis irregularidades no licenciamento de algumas instalações da refinaria, aberto no último dia 3. Esse inquérito foi desmembrado de outro, que apura as causas do vazamento do dia 18.
O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, deputado Carlos Dias (PST), disse ontem que vai pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o acidente na Baía da Guanabara, RJ. Segundo Dias, a CPI é a única possibilidade de trazer a público os documentos e investigações feitos pela Petrobras. A solicitação de CPI será feita no dia 15 – quando acaba o recesso parlamentar na Alerj.Após vistoria, procuradora da República afirmou não ter encontrado motivos para interditar a refinaria onde houve vazamento de óleo em janeiro
Arquivo Folha‘PERIGO’Baía de Guanabara após o desastre: sindicato dos petroleiros diz que Reduc não opera em segurança