São Paulo - O primeiro dia de provas digitais do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) teve abstenção recorde de 68,1%, segundo informou o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) na noite deste domingo (31). Ao todo, 34.590 alunos realizaram a avaliação e 58.489 inscritos não compareceram. De acordo com o instituto, 174 alunos pediram reaplicação por doenças infecciosas (entre elas a Covid-19) –118 foram aceitas e 56, negadas. Quem não compareceu precisa justificar a falta para pedir reaplicação, que será feita em 23 e 24 de fevereiro em versão impressa. No Amazonas, as provas foram suspensas em razão do agravamento da crise sanitária no estado e as provas serão reaplicadas nas mesmas datas.

Houve problema na aplicação da prova também no Instituto Federal de Tecnologia do Amapá. "Foi uma questão estrutural e não de sistema, uma viga cedeu e a Defesa Civil interditou o local", explicou o presidente do Inep, Alexandre Lopes. Os alunos prejudicados também poderão fazer a prova impressa. "Todo processo novo, inédito, está sujeito a empecilhos. Quem não conseguiu fazer hoje pode fazer o segundo dia e pedir reaplicação apenas do primeiro ou pedir reaplicação para os dois dias", disse Lopes.

Além disso, um dos servidores apresentou lentidão no momento de aplicação da prova e atrasou o início do exame em alguns lugares, mas o Inep não especificou quais. "Resolvemos o problema e a avaliação começou cerca de 1h30 depois. Alguns alunos não puderam esperar e foram embora. Eles poderão pedir reaplicação", afirmou o diretor de tecnologia do Inep, Camilo Mussi.

Esta é a primeira versão do exame aplicada de forma digital. Os alunos fizeram as provas em 104 cidades espalhadas pelo país. Foram disponibilizados 93 mil computadores. O tema da redação da edição foi "O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil". Pouco depois do início das provas o ministro da Educação, Milton Ribeiro, divulgou o assunto em seu perfil em rede social.

A versão impressa, aplicada nos dias 17 e 24 de janeiro, também teve abstenção recorde: mais de metade dos cerca de 5 milhões de inscritos (55,3%) não compareceu ao exame. Por causa da pandemia e dos protocolos de segurança, os alunos não puderam responder as questões em computador próprio e tiveram que ir até os locais de aplicação. Além disso, o uso de máscara era obrigatório. A etapa faz parte da edição de 2020 do Enem.

Os estudantes fizeram, no primeiro dia, provas de ciências humanas, linguagens e a redação. No próximo domingo (7), será realizado o segundo dia de provas, com questões de matemática e ciências da natureza. “Quem não pode comparecer no primeiro dia, mesmo que não vá concorrer a vaga porque não teve justificativa, faça a prova no domingo para conhecer a versão digital”, pediu Lopes.

Embora as questões de múltipla escolha tenham sido feitas pelo computador, a redação teve de ser entregue no papel. O Ministério da Educação quer que as provas do Enem sejam 100% digitais até 2026. Para isso, será feita uma transição gradual entre os exames impressos e o formato digital. Além disso, a pasta pretende realizar várias aplicações do exame ao longo de um só ano.