Campins, SP, 07 (AE) - A primeira colocada no vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Larissa Nadine Rybka, defende o trabalho voluntário como uma "necessidade para amenizar os efeitos da miséria no País". Aprovada em medicina, ela diz que pretende se oferecer para ajudar no Instituto Boldrini, de Campinas, considerado referência nacional no tratamento do câncer infantil. "Faço parte de uma parcela privilegiada e tenho o dever de contribuir com a sociedade", disse.
Aos 19 anos, Larissa alcançou a maior nota de um dos vestibulares mais difíceis e disputados do País. A média obtida pela caloura, 82,23, é a terceira maior nos últimos cinco anos. Filha de um economista alemão e uma psicóloga brasileira, a estudante mora na cidade vizinha de Valinhos, onde cursou o 1º e 2º graus numa escola particular. Em 1998, ela também foi aprovada em farmácia na Universidade de São Paulo (USP), mas trancou matrícula depois de seis meses para tentar medicina.
Além de alcançar a primeira colocação na Unicamp, Larissa também passou em primeiro lugar no vestibular para medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e em 21º na USP. "Optei pela Unicamp devido a proximidade com a cidade onde moro", disse. Ela conta que se preparou para as provas fazendo cursinho e estudando cerca de quatro horas por dia em casa. "Menos nos finais de semana, quando descansava e saia com os amigos".
Admiradora do líder revolucionário cubano, Che Guevara, que também era médico, Larissa é crítica ao falar sobre a política do governo federal para a área de saúde. "Está tudo deteriorado", afirma. "Enquanto outros países como o Brasil trabalham para vencer a aids e o câncer, nós ainda convivemos com a febre amarela e a malária", disse.
A estudante também se diz fã do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Para ela, os profissionais de medicina têm de desenvolver mais o lado humano, "já que o estado está falido". Ela diz ter percebido a necessidade do trabalho voluntário durante os seis meses que morou na capital, quando cursava farmácia na USP. "A miséria está em todo lugar e afeta, principalmente, as crianças que vivem perambulando nas ruas", diz.