São Paulo, 04 (AE) - O coordenador de avaliação e desempenho da Secretaria da Previdência Complementar, Márcio Rocha, afirmou hoje que o órgão solicitou à Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, informações adicionais sobre a venda do lote de ações preferenciais da Itaúsa, holding controladora do Banco Itaú, Itautec, Duratex e outras empresas. Segundo ele, os detalhes da operação foram solicitados em dezembro. "Estamos aguardando as informações solicitadas para poder analisar o caso", disse.
Segundo Rocha, a Secretaria vai averiguar se a Previ gerou um prejuízo que poderia ter sido evitado. Ele explicou que é preciso analisar o processo e ouvir a justificativa do fundo de pensão. "Às vezes, a falta de liquidez dos papéis é uma das justificativas para a venda abaixo do preço de mercado", afirmou. O coordenador contou que, antes da realização do leilão
a Secretaria foi consultada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a operação. Numa análise prévia, a Secretaria não constatou qualquer irregularidade.
No dia 29 de novembro, a Previ vendeu um lote de 390.109.546 ações preferenciais da Itaúsa, ao preço mínimo de R$ 1.365,00 por lote de mil, que correspondia a 19,09% das preferenciais e 12,55% do capital total. A venda, que movimentou R$ 555,704 milhões, causou inúmeros descontentamentos, a começar dentro da administradora de recursos do banco (BB DTVM), que foi preterida da intermediação da operação.
Segundo fontes do mercado, a Previ teria pago 4% do valor da transação para a CSFB/Garantia intermediar o leilão. Houve também um grande mal-estar dentro do Banco do Brasil com alta dos papéis em bolsa, depois da venda.
Segundo fontes do Banco do Brasil, o diretor de Investimento da Previ, Dercy Alcântara, teria sido afastado do cargo por causa da operação. Alcântara disse hoje que a venda das ações da Itaúsa partiu de uma decisão unânime da diretoria da Previ. O executivo afirmou que não pediu demissão e também não recebeu nenhum comunicado do Banco do Brasil sobre a sua saída. "Estou de férias", ressaltou.
Sobre o caso envolvendo a venda de ações da Itaúsa, Alcântara explicou que escolheu o CSFB/Garantia para fazer a intermediação da operação porque procurava um banco internacional, com clientes institucionais, já que o lote a ser vendido era bastante grande. Já em relação à decisão de vender as ações da Itaúsa, contrariando, segundo fontes do mercado, as recomendações de analistas do próprio banco, o diretor explicou que a carteira da Previ estava posicionada no mercado acionário em percentual acima do permitido pela Secretaria de Previdência Complementar, que é de 50% do patrimônio. "Nós estávamos com mais de 60%, com a entrada nas privatizações e a valorização dos papéis nas bolsas de valores; a Secretaria estava nos cobrando e então decidimos nos desfazer de posições que não fossem estratégicas para a Previ", ressaltou. "E Itaúsa é um desses papéis", acrescentou.
Alcantara contou, ainda, que pesou na decisão o fato de o fundo ter muito papel de Itaúsa. Segundo o diretor, a Previ ainda tem em carteira 110 milhões de ações preferenciais da empresa e 4,18% do capital total do Banco Itaú.