Pressão internacional é maneira mais eficaz de proteger a Amazônia e os índios, avaliam ambientalistas
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quinta-feira, 20 de abril de 2000
Por Napoleão Sabóia
Paris, 21 (AE) - A maneira mais eficaz de fazer o governo brasileiro tomar providências para proteger a Amazônia e as comunidades indígenas passa pela intensificação das campanhas de mobilização da opinião pública internacional, incluindo outdoors nas grandes cidades do Hemisfério Norte e "spots" publicitários no radio e tv. Essa é a conclusão a que chegaram os dirigentes das organizações ambientais no colóquio "Amazônia
um desafio planetário - destruição ou proteção?", pelo quinto centenário da descoberta do Brasil, hoje, em Paris.
O consenso dos ecologistas europeus é de que as autoridades brasileiras são "muitos sensíveis à opinião pública internacional e poderão reagir positivamente se os apelos forem massificados". Em sua comunicação, o antropólogo Patrick Menget
presidente da Survival International/França, depois de relatar a instabilidade permamente vivida pelas tribos amazônicas entre as invasões de suas reservas pelos garimpeiros e a ameaça permanente de intervenção das Forças Armadas, lamentou que "a situação seja agravada pela atitude do Estado brasileiro, desengajando-se de suas responsabilidades na matéria".
"Como nas áreas da educação e saúde, o Estado abandona progressivamente suas obrigações em relação às comunidades indígenas em via desaparecimento por causa das epidemias, má nutrição e violências diversas", disse Menget, sugerindo o recrudescimento das campanhas populares no Hemisfério Norte em favor da Amazônia e dos primeiros habitantes do Brasil. "Só assim é que se conseguirá colocar as autoridades brasileiras diante de suas responsabilidades."
Lembrando que essas "tentativas salutares de ingerência" (internacional) nos assuntos da Amazônia não apresentaram ainda resultados substanciais, o pesquisador François Terrasson, do Museu de História Natural de Paris, propôs o lançamento de uma campanha publicitária no rádio e televisão, por meio de outodoors, além da multiplicação de petições públicas às autoridades brasileiras."A Amazônia é um problema geopolítico que interessa o planeta inteiro. Só o poder da opinião pública internacional mobilizada fará com que o Estado brasileiro retome seus deveres na proteção da floresta e das comunidades indígenas", justificou.
No seu entender, a mobilização do público internacional deveria ser acompanhada da criação de um organismo supranacional
composto de técnicos e cientistas, apenas, "nada de políticos", e o com objetivo de empreender, de acordo com o governo brasileiro, uma "reflexão permanente" sobre os programas de ação a serem desenvolvidos na Amazônia para a proteção da floresta e dos indígenas.