Presos paraguaios e brasileiros fazem greve de fome por demora nos julgamentos
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terça-feira, 28 de março de 2000
Por Mauri Konig, especial para a AE
Foz do Iguaçu, PR, 29 (AE) - Trezentos e setenta presos paraguaios e outros 97 brasileiros da Penitenciária de Alto Paraná e Canindeyú, em Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu (PR), fizeram dois dias de greve de fome. Eles reclamava da demora nos julgamentos e só suspenderam protesto hoje, depois que juízes e promotores públicos estiveram no local e se comprometeram a rever e acelerar os processos.
Preso há três anos por suspeita de homicídio, o paraguaio Ismael Canhete chegou a costurar a boca com arame para evitar os alimentos. Canhete alega que só está preso preso por não dispor de 1 milhão de guaranis (R$ 500,00) para "comprar" a própria liberdade. Assim como ele, muitos outros - inclusive brasileiros - estão presos há cinco anos ou mais sem ao menos ter culpa formalizada.
O Consulado do Brasil em Ciudad del Este informou que, no caso dos brasileiros, mais da metade deles tem processo em outras cidades, o que torna o caso mais moroso por causa da falta de recursos da repartição e dos próprios detentos para cobrir as despesas dos advogados.
Extorsão - Os presos também denunciaram que estavam sendo extorquidos por defensores públicos, que estariam exigindo dinheiro para defendê-los. O protesto começou na semana passada com três detentos, número que subiu para oito no sábado e teve adesão de 90% dos 507 detentos no início desta semana. Durante a manifestação, eles permaneceram deitados em colchões no pátio do presídio.