RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Negador da existência de racismo "real" no Brasil, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, anunciou, na noite de segunda-feira (25), a decisão de lançar o "selo não-racista", reservado a quem, em suas palavras, é injustamente tachado de discriminação racial no país.

Hoje, nas redes sociais, Camargo afirmou que "o selo da Fundação Cultural Palmares, que certifica que uma pessoa não é racista, mas vítima de campanha de difamação e execração pública da esquerda, está sendo finalizado e pode ser apresentado nesta terça-feira (26)".

Na segunda, ele informou que o design do selo ainda está em desenvolvimento, mas não demora. "De qualquer forma até o próximo fim de semana teremos o primeiro agraciado. É um célebre injustiçado, que todos admiramos. Outros virão na sequência", publicou.

A assessoria da fundação não informou qual será o primeiro agraciado, nem os critérios adotados para sua escolha.

Na publicação, Camargo afirmou que o selo "será concedido a todos que injusta e criminosamente são tachados de racistas pela esquerda vitimista, com o apoio da mídia, artistas e intelectuais".

Além de negar reiteradamente a ocorrência de racismo estrutural no país, Camargo já defendeu o fim do feriado da Consciência Negra, a extinção do movimento negro e chegou a afirmar que a escravidão foi "benéfica para os descendentes" de escravizados no país.

Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro em novembro de 2019, Camargo teve a nomeação suspensa no dia 4 de dezembro, sendo reconduzido ao cargo em fevereiro após disputa judicial.

De volta ao cargo, ele se lançou em uma cruzada pela troca do nome da fundação por classificar Zumbi dos Palmares como falso herói.

"Cada vez mais surgem negros que defendem a troca do nome para Princesa Isabel. Não é animador?", publicou.