SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de São Paulo começa a analisar nesta segunda-feira (1º) as propostas para a reabertura de parte do comércio na capital. Para que voltem a operar, os setores devem apresentar protocolos de funcionamento com o detalhamento de medidas de prevenção contra a disseminação do novo coronavírus.

Isso não significa que as lojas, fechadas desde 20 de março, quando foi implantada a quarentena por causa da Covid-19, já possam abrir nesta segunda. Será ainda preciso esperar autorização da gestão Bruno Covas (PSDB).

Na semana passada, o governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), publicou um decreto que flexibiliza a quarentena a partir desta segunda. O chamado Plano São Paulo dividiu o estado em regiões e criou cinco fases, de acordo com o estágio em que cada uma delas se encontra no combate à pandemia.

A capital foi colocada na fase 2, identificada pela cor laranja. Nesta etapa, serão liberados comércio de rua e shoppings (veja a lista completa abaixo), após aprovação de planejamento pela Vigilância Sanitária, e com restrições.

"Nada reabre na cidade de São Paulo a partir do dia 1º de junho. Já pedi tanto para a Vigilância Sanitária quanto para os fiscais da prefeitura estarem atentos", afirmou o prefeito, no sábado (30).

A documentação a ser entregue à prefeitura deve ter protocolos de distanciamento e desinfecção de ambientes, além de orientações a clientes e funcionários. Os estabelecimentos devem assumir compromisso de realizar testagens, além de adotar horários alternativos de funcionamento, com escalas diferenciadas de trabalho.

Na fase em que a capital se encontra, os comércios liberados podem funcionar por até quatro horas, com capacidade limitada a 20% do total. Nos shoppings centers, as praças de alimentação deverão permanecer fechadas enquanto a cidade estiver na fase laranja.

A Associação Comercial de São Paulo acredita que as lojas já estejam abertas até o próximo fim de semana, o último antes do Dia dos Namorados, celebrado em 12 de junho.

Por causa da possibilidade de volta de setores da economia, Covas disse ter alertado empresas de ônibus a deixarem 2.000 veículos a mais prontos para rodar.

Médicos consideram como precipitada a decisão de Doria de iniciar a flexibilização da quarentena em boa parte do estado. Para especialistas ouvidos pela reportagem, existe o risco de aumento expressivo de casos de Covid-19 nas próximas semanas.

O epidemiologista André Ribas, professor da faculdade São Leopoldo Mandic, diz que, mais importante do que observar a taxa de ocupação de leitos de UTI, índice citado para flexibilização da economia, é preciso avaliar a tendência no número de novos doentes para as próximas semanas. Em caso de uma curva ascendente, o risco é esgotar o sistema de saúde. "Depois para reverter essa curva é extremamente difícil", adverte.

O infectologista Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia, também faz críticas. "Estamos tendo aumento no número de casos e a população não respeitou as medidas de prevenção de maneira adequada", avalia.

"Imagina que uma cidade libera o comércio, mas o município vizinho, não. Muitas pessoas vão fazer compras na cidade ao lado. E aí não resolve", diz, sobre cidades da Grande SP, que ainda não tiveram autorização para planejar a flexibilização e negociam a reabertura.