Rio, 03 (AE) - As más condições da rodovia BR-101, que liga o Rio a Santos, podem impedir a saída da população caso haja acidente na usina nuclear de Angra, em Angra dos Reis, denunciam as prefeituras dos municípios da Costa Verde do Estado do Rio de Janeiro. A falta de conservação da estrada levou a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio (Abih-RJ) a preparar um dossiê, entregue ao ministro dos Transportes, Eliseu Padilha.
De acordo com o coordenador de Defesa Civil de Angra dos Reis, Marcelo Lopes, a BR-101 é uma importante via de acesso à usina nulear de Angra e em caso de necessidade de evacuar a região, a estrada não dará conta da população dos municípios vizinhos, como Paraty, Itaguaí, Rio Claro e Mangaratiba. "Qualquer plano básico de emergência prevê estradas em boas condições de uso", disse Lopes.
O prefeito de Paraty, Benedito José Melo da Silva (PSC), disse que vai acionar o Ministério Público Federal para tentar interditar a estrada caso não haja melhorias. "Todas as prefeituras estão preocupadas, porque muitas vidas correrão riscos se nada for feito", disse Silva.
Hotéis - Os hoteleiros reclamam da diminuição do número de turistas na região e pedem verba do governo federal para recuperar a estrada. Segundo a Abih-Rj, por toda a extensão da estrada existem crateras e quebra-molas irregulares construídos pelos moradores da região, o que dificulta o tráfego de veículos. "A viagem, que poderia ser feita em duas horas, acaba levando o dobro, porque o motorista tem que desviar dos obstáculos", disse o advogado da Abih-RJ, Paulo Henrique Bergkvist. O trecho mais grave seria o que liga o Rio a Paraty.
Obras - Marcelo Lopes disse que foram relacionados 39 pontos nos 480 quilômetros do trecho que vai de Itaguaí à divisa do Rio com São Paulo que oferecem sério risco de vida aos motoristas. "Há pelo menos quinze anos não há uma grande obra de manutenção na estrada, somente pequenos obras que não dão conta do problema", disse Lopes, que considera a situação "extremamente crítica". O coordenador calcula que seriam necessários pelo menos US$ 12 milhões para a recuperação.