Prefeitos da região centro-oeste contestam números do IBGE

A estimativa de população divulgada pelo IBGE na quinta-feira (27) mostra que os municípios de Altamira do Paraná e Nova Cantu, ambos na região centro-oeste e separados por apenas 56 quilômetros, foram as cidades que mais perderam população em relação a 2019, com quedas de 13,38% e 4,64%, respectivamente.

Em entrevista à FOLHA, os prefeitos contestam os dados e afirmam que os números vão na contramão do que acontece nos municípios.

Segundo a estimativa do IBGE, Altamira do Paraná tem 1.682 habitantes e é a cidade menos populosa do Estado. A prefeita Elza Aparecida da Silva (PSB) ressaltou que os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística estão defasados já que uma nova contagem populacional deveria ter sido realizada em 2015, o que não aconteceu. Desta forma há um vácuo de dez anos e, por isso, têm sido feitas apenas estimativas baseadas nos dados de 2010.

"Hoje, através do cadastro atualizado de usuários do SUS, cadastro esse acompanhado mensalmente por nossos agentes de saúde, são mais de 3.900 habitantes residentes entre zona urbana e rural", afirmou a prefeita. "Somente um novo censo vai mostrar a realidade e evitar que o número de habitantes continue diminuindo".

Silva se baseia também no recadastramento eleitoral, feito através da biometria, para contestar as informações do IBGE. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 3.311 eleitores de Altamira do Paraná estão aptos a votar nas eleições de 2020.

Os dados eleitorais também mostram uma realidade diferente em Nova Cantu em relação aos números divulgados pelo IBGE, que mostram que a cidade tem 5.061 habitantes. Pelo TSE, 5.856 moradores do municípios podem votar nas próximas eleições.

"Ficamos surpresos com estes números e esta é uma reclamação da grande maioria dos pequenos municípios. E a consequência disso é que há uma grande perda de arrecadação para estas cidades", comentou o prefeito de Nova Cantu, José Carlos Gomes (DEM).

O número de habitantes é o que define o percentual de repasse para cada cidade do Fundo de Participação dos Municípios, que é uma transferência da União para os Estados e o Distrito Federal. Atualmente, o coeficiente de participação de Nova Cantu é de 0,6%.

"Temos observado a vinda de famílias de outras cidades para cá. Muitas vêm para trabalhar em um frigorífico de frango em Ubiratã. Temos mais de 500 trabalhadores com carteira assinada que moram em Nova Cantu e trabalham neste frigorífico", revelou o prefeito.