São Paulo, 09 (AE) - As notícias positivas a respeito da recuperação do ritmo de atividade econômica influenciam o ânimo do consumidor para ir às compras, mas não se trata de um movimento sem consistência. Ele também encontra hoje nas lojas uma situação mais favorável do que há um ano.
Os juros diminuíram, embora ainda estejam bastante altos
e os prazos foram alongados. Na prática, o valor das prestações diminuiu e passou a caber no bolso de um número maior de consumidores de baixa renda, que ficaram fora do mercado, com o escasseamento do crédito no ano passado.
Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que os juros médios no comércio passaram de 9% ao mês em março do ano passado para 7,5% agora. As grandes redes cobram menos, entre 3% e 4,5% nos planos mais curtos. O prazo também foi alongado. Há um ano, o prazo máximo do mercado para financiamento de veículos era de 24 meses.
Outros bens, como móveis e eletroeletrônicos, eram parcelados em no máximo 18 meses. Hoje os veículos são vendidos em até 49 prestações e outros bens em até 24 meses. Produtos caros - O alongamento do prazo do crediário deverá ser o primeiro movimento para tornar os bens de maior valor novamente acessíveis ao consumidor de baixa renda, que durante os últimos meses adiou as compras.
A redução das taxas de juros é esperada, mas apenas no sentido de adequar os que cobram mais em relação à média do mercado. O piso dos juros na grandes redes não deve cair além dos 3% ao mês atuais, já que os custos com inadimplência ainda são altos.
"Os que já estão cobrando entre 3% e 4% dificilmente conseguirão reduzir", diz o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti. Com um índice de atraso há mais de 30 dias no pagamento dos carnês em torno de 10% do total de consultas no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) - indicador das vendas a prazo -, sobra pouco espaço para queda.
As cadeias com menor taxa de juros são aquelas que financiam com capital próprio o crediário, como Lojas Cem e Casas Bahia. Nesse caso, o financiamento é apenas um negócio paralelo, utilizado para elevar as vendas, de onde sai o lucro. O mesmo ocorre com as montadoras de veículos. Os bancos das montadoras têm as melhores taxas do mercado e oferecem condições mais vantajosas para financiar os modelos que desejam desovar.