Pessoas reclamando de dores no corpo e na cabeça, febre e cansaço lotaram alguns postos de saúde de Londrina neste sábado (17) em busca de atendimento, já que os sintomas são indicativos de um possível quadro de dengue. As UBS (Unidades Básicas de Saúde) do Parque Ouro Branco e do Jardim Itapoã, ambas na zona sul de Londrina, estão abertas neste dia para atender pacientes com suspeita ou confirmação de dengue. Com uma manhã de movimento intenso, a demora esteve entre as principais reclamações da população.

Aguardando por mais de duas horas por um atendimento no Ouro Branco, Alex Bueno, 29, estava sentindo dores nos olhos, na cabeça e no corpo desde a tarde desta sexta-feira (16), sendo que os sintomas se agravaram durante a madrugada deste sábado. “O que pega mais é a dor de cabeça”, afirma. O ajudante geral conta que chegou por volta das 9h na UBS, mas que até às 11h30 ainda não tinha sido chamado nem para passar pela triagem, que antecede a consulta.

Bueno afirmou que a equipe da unidade de saúde sugeriu que as pessoas buscassem atendimento na UBS do Itapoã por conta do movimento intenso, mas ele preferiu não ir para não ter mais um gasto, além de que o mal-estar é intenso demais para ficar se locomovendo. “Vamos ver que horas vou sair daqui, mas acho que não vai ser cedo não”, relata, complementando que deveria haver mais médicos para atender a população, evitando longas esperas.

Por conta dos pacientes que saíram do Ouro Branco, a UBS do Itapoã também estava lotada de pessoas em busca de atendimento na manhã deste sábado. O frentista Vilson Lima, 56, foi levar a neta, de 10 anos, que está com dores no corpo, na cabeça e “atrás” dos olhos. Ele relata que os sintomas começaram na quinta-feira (15) junto a um quadro de febre. Na sexta, ele a levou até o PAI (Pronto Atendimento Infantil) para fazer o exame, que apesar de não ter indicado dengue, mostrou que algo estava alterado. Neste sábado, o avô e a neta foram até a UBS do Ouro Branco repetir o exame, mas por conta do movimento preferiram buscar atendimento no Itapoã.

Além do quadro de saúde da neta, Lima conta que há cerca de 20 dias se curou da dengue, mas que os sintomas não foram intensos. A justificativa para o quadro mais leve, segundo ele, foi o suco de inhame com frutas que tomou, o que teria ajudado a aumentar a imunidade. “Para curar a dengue é só com líquido”, afirma, complementando que não há um remédio específico para tratar da doença, apenas os sintomas.

Para o frentista, o principal problema que colabora para esse cenário da doença é a falta de cuidado das pessoas, já que "todo ano é a mesma coisa". “O povo não está levando muito a sério isso aí [a dengue]”, opina, complementando que o cuidado com o mosquito depende de todos, sendo que não basta apenas uma pessoa fazer a sua parte.

Há seis dias sentindo cansaço e “moleza”, a esteticista Mercedes Olivato, 69, conta que precisou passar o Carnaval acamada por conta da prostração. Nesta sexta, os sintomas se intensificaram e passou a ter crises de vômito e diarreia. “Tudo o que eu comi eu joguei fora, além da dor de cabeça”, explica, afirmando que não está conseguindo ingerir alimentos sólidos, apenas líquidos. “Tudo indica que é dengue, mas vamos fazer o teste para confirmar”, ressalta.

Também sofrendo com dores no corpo, na cabeça e com a febre durante a madrugada, o aposentado José Alexandre Pereira Filho, 71, afirma que não sabe se é dengue ou não, mas que prefere fazer o exame para ter a certeza do diagnóstico, já que as dores são muito intensas.

CASOS

De acordo com o último boletim divulgado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), no dia 14 de fevereiro, Londrina já confirmou 2.718 casos de dengue, sendo que duas pessoas perderam a vida por conta da doença. Em todo o Paraná, são 37.516 casos e 15 óbitos.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Londrina para abordar a reclamação da população quanto a demora nos atendimentos e aguarda o retorno da pasta.