SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de São Paulo vai distribuir um vale alimentação para 273 mil alunos da rede municipal em situação de alta vulnerabilidade, anunciou nesta quinta-feira (2) o prefeito Bruno Covas (PSDB).

Com escolas fechadas para evitar a propagação do novo coronavírus, o valor serve como compensação para crianças que dependem da merenda oferecida nos colégios para se alimentar.

Alunos do ensino fundamental vão receber um crédito de R$ 55. Alunos do ensino infantil receberão R$ 63. Alunos de creches municipais, R$ 101.

A distribuição dos cartões começa nesta quinta e deve ser concluída até o fim da semana que vem. A rede pública municipal tem 950 mil alunos.

Além disso, a prefeitura pretende distribuir 100 mil cestas básicas neste mês para a população mais pobre, afirmou o prefeito.

O anúncio foi feito pelo prefeito ao lado do governador João Doria (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

Os tucanos voltaram a pedir que a população fique em casa. "Por favor, não dê atenção a qualquer outro tipo de informação, solicitação, postagem, que seja feita no sentido de estimular que você saia da sua casa. Não saia, exceto por razões essenciais, circunstanciais", disse o governador.

Doria anunciou ainda medidas econômicas para diminuir o impacto causado pelo comércio fechado no estado.

O Governo de São Paulo ampliou a linha de crédito para microempreendedores em mais R$ 150 milhões, somando agora R$ 650 millhões, com crédito do Banco do Povo, Desenvolve SP e Sebrae.

O prazo para pagamento agora é de 36 meses após a tomada do empréstimo, com carência de 90 dias. Pedidos de concessão de crédito de até R$ 3.000 podem ser feitos sem avalista.

A medida foi anunciada após reunião dos governadores do Sudeste e Sul do país, que enviaram carta ao governo federal em que pedem suspensão dos pagamentos da dívida com a União por 12 meses, financiamento federal do pagamento de impostos estaduais por empresas e assunção pela União dos pagamentos a organismos internacionais, como dívidas com o Banco Mundial e o BID, além de outras ferramentas para evitar o colapso financeiro das unidades da federação.

O pedido acontece em um momento em que governadores expõem rusgas com o governo federal na condução da crise do coronavírus. Estados fecharam comércio, escolas e até divisas para evitar a propagação do vírus, medidas condenadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Nesta manhã, o presidente compartilhou em suas redes sociais depoimento em que uma apoiadora ataca governadores e a imprensa. No vídeo, uma mulher que se apresentou como professora particular apela para que o mandatário ponha "militares na rua" para encerrar medidas restritivas adotadas por governadores, que determinaram a suspensão de aulas e o fechamento do comércio para tentar conter a disseminação do Covid-19.

"Professora em comovente depoimento para o presidente da República. Peço compartilhar", escreveu o mandatário.

Doria, em entrevista à imprensa nesta manhã, afirmou que "a morte não escolhe bolsonarista ou petista."

"E não esperem de mim que eu faça política em velórios. Eu tenho a obrigação e o dever, como governador de São Paulo, de proteger vidas, de defender as pessoas, de agregar, de somar, integrar e pedir solidariedade. A hora não é de dividir, não é de politizar", disse. "Não pauto as minhas ações por conveniência, mas por convicção."

Doria anunciou ainda que o governo ampliou a produção de máscaras dentro das unidades prisionais para 50 mil unidades por dia. A ideia é produzir 4 milhões de máscaras, no total, segundo o governador.

As máscaras são produzidas nos presídios de Tremembé, Tupi Paulista, Andradina, Araraquara e Itaí. Os presos reduzem um dia de pena a cada três dias de trabalho.

A falta de equipamentos de proteção individual é um dos maiores gargalos na contenção do novo coronavírus.

A equipe de saúde do governo disse ainda que comprou 1,3 milhão de testes para o novo vírus do governo da Coreia do Sul. "O maior gargalo hoje é a falta de reagentes no mercado internacional. Há compras em andamento, mas as empresas não conseguem entregar", afirmou o diretor do Instituto Butanta, Dimas Tadeu Covas.

O prefeito Bruno Covas, por sua vez, ressaltou que convocou de volta profissionais de saúde cedidos ao Tribunal de Contas do Município, a Câmara Municipal de São Paulo e a outros municípios, e pediu que profissionais afastados para os sindicatos das categorias, uma previsão legal, voltem ao trabalho.