Redução da população que vive na zona rural e um maior adensamento nas áreas urbanas. Essa é a projeção prevista pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) para os próximos 25 anos no Paraná. A informação consta na Projeção Populacional Urbana e Rural dos Municípios Paranaenses no Período de 2025 a 2050, apresentada na segunda-feira (2) pelo secretário estadual do Planejamento, Ulisses Maia, e pelo diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado.

Entre os números mais importantes do estudo, está a projeção, baseada nos Censos Demográficos de 2010 e 2022, de que o Grau de Urbanização do Paraná deverá crescer de 89,7%, em 2025, para 94% em 2050. Outro dado relevante é a redução da população rural do Estado, que deverá passar dos 11,1% atuais para 6% em 2050.

Enquanto os centros urbanos devem ganhar 986.284 pessoas a mais nas próximas duas décadas e meia – crescendo de 10.672.024 habitantes, em 2025, para 11.658.308, em 2050 – a população vivendo nas áreas rurais deve cair de 1.218.556 pessoas, em 2025, para 745.523 em 2050 – 473.033 a menos. No ano passado, o Ipardes projetou que a população do Paraná em 2050 deve chegar a 12,4 milhões de pessoas.

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Segundo o secretário Ulisses Maia, essa urbanização acelerada exige um planejamento estratégico robusto. “Nosso foco deve ser o desenvolvimento de infraestrutura, habitação e serviços públicos para garantir a qualidade de vida da população. É por meio desse planejamento proativo que fortalecemos o nosso Estado, assegurando que o desenvolvimento seja inclusivo e sustentável”, disse.

De acordo com o presidente do Instituto, Jorge Callado, entres os fatores que impulsionam o crescimento urbano, além do saldo vegetativo (diferença entre nascimentos e óbitos) e da migração, estão o impacto de políticas públicas e o desenvolvimento socioeconômico.

“As projeções populacionais dos municípios por áreas urbanas e rurais, acompanhadas do monitoramento constante de outras variáveis de interesse, auxiliam o planejamento governamental, por ofertar uma visão acerca da tendência de distribuição da população ao longo do tempo”, ressaltou Callado. “São subsídios para a oferta de serviços públicos essenciais de infraestrutura e urbanização, além da elaboração de políticas de proteção ambiental”.

secretário estadual do Planejamento, Ulisses Maia, e diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado.
secretário estadual do Planejamento, Ulisses Maia, e diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado. | Foto: Roberto Dziura Jr./AEN

POPULAÇÃO URBANA

A ampliação da população vivendo nas áreas urbanas segue uma tendência observada constantemente nos censos demográficos. De acordo com o estudo, o Grau de Urbanização do Paraná passou de 58,6% no Censo de 1980, para 73,4% em 1991, 81,4% em 2000, 85,3% em 2010 e 89% em 2022.

A projeção para os próximos anos prevê um contingente urbano de 90,9% em 2030, 91,8% em 2035, 92,6% em 2040, 93,4% em 2045, e 94% em 2050. Além disso, o estudo aponta que 147 municípios terão a mesma ou uma proporção superior à do Estado na população urbana, ou seja, com 94% ou mais das pessoas vivendo nas cidades.

Atualmente, 100% da população de Curitiba e de Pinhais, na Região Metropolitana (RMC), residem em áreas classificadas como urbanas. Até 2050, mais três cidades devem ser incorporadas a esse grupo: Maringá, no Noroeste, Piraquara e Fazenda Rio Grande, também na RMC.

O Estado já é o quinto no Brasil com a maior população urbana atualmente, atrás do Rio de Janeiro (97,9%), São Paulo (96,8%), Distrito Federal (96,5%) e Goiás (93,2%). Na outra ponta da tabela está o Piauí, com 69,4%.

POPULAÇÃO RURAL

Por outro lado, 17 municípios poderão ter acréscimo de pessoas vivendo em áreas rurais, somando aproximadamente 16,5 mil moradores a mais: Almirante Tamandaré, Araucária, Atalaia, Balsa Nova, Colombo, Itaperuçu, Lobato, Matinhos, Paiçandu, Palmas, Piên, Santa Terezinha de Itaipu, Quatro Barras, Colorado, Rio Branco do Sul, Santo Antônio do Sudoeste e Tapejara. Mais da metade desse crescimento, um total de 52,57%, deve se concentrar em três municípios da RMC: Araucária, Balsa Nova e Itaperuçu.

A projeção aponta ainda que, em 2050, 13 municípios permanecerão com mais da metade da população em áreas rurais. Quitandinha, na RMC, deverá ser o município com maior participação rural, com 69,6% da população vivendo nessas áreas.

METODOLOGIA DA PESQUISA

Para a projeção das localidades intramunicipais, o Ipardes adotou a metodologia do Manual VIII das Nações Unidas e, no Brasil, a que foi aplicada pela Fundação João Pinheiro para os municípios do estado de Minas Gerais. Essa metodologia consiste em prospectar os contingentes populacionais, segundo os diferenciais nos padrões de crescimento por situação de domicílio, classificada de acordo com sua área de localização: urbana ou rural.

Como base de dados, foram utilizadas a população residente total, segundo situação do domicílio, obtidas nos Censos Demográficos de 2010 e 2022, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a população total oriunda das Projeções por Sexo e Idade dos Municípios do Paraná (2025-2050), elaboradas anteriormente pelo Ipardes.

“O Censo Demográfico de 2022 atualizou muitas das informações que tínhamos do Censo de 2010. Com base nessas duas pesquisas, conseguimos traçar tendências e participação dos municípios. A partir da aplicação da metodologia, conseguimos projetar o futuro dos municípios do Paraná”, explicou o chefe do Departamento de Estudos Populacionais e Sociais, Leonildo Pereira de Souza.

“E o futuro é urbano, uma tendência bastante consolidada que vem crescendo e não tem sinais de arrefecimento, até porque os municípios que são majoritariamente urbanos têm um histórico de migração em décadas passadas”, ressaltou Souza. “Com isso, aconteceu um esvaziamento do meio rural, ficando nesses locais as pessoas mais idosas. Então existe uma baixa taxa de fecundidade no meio rural e um envelhecimento mais elevado que nas áreas urbanas. Isso naturalmente leva a um menor crescimento vegetativo da população, que com o fenômeno migratório para os grandes centros, contribui com à retração da população no meio rural”.

Além disso, foi realizada a compatibilização nos dois períodos censitários da malha dos setores censitários, por situação e tipo, segundo a classificação vigente na pesquisa de 2022, uma vez que os setores censitários são atualizados em sua classificação urbana e rural conforme a evolução da configuração territorial observada.

(Com informações da Agência Estadual de Notícias)

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