Ponta Grossa reuniu 3 mil caminhões
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 28 de março de 2000
Giovani Ferreira
e Emerson Cervi
De Curitiba
A paralisação dos caminhoneiros contra o reajuste nas tarifas de pedágio no Paraná foi maior em Ponta Grossa. Ontem à tarde, uma concentração de transportadores reunia, segundo os organizadores, aproximadamente 5 mil caminhões. Pelos cálculos da Polícia Rodoviária Estadual, os caminhões parados eram pouco mais de 3 mil. Os manifestantes estavam estacionados nas pistas e nos pátios dos postos de combustível da região. A fila nos acostamentos passava de 10 quilômetros, nos dois sentidos das rodovias.
O líder nacional do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nélio Botelho, que participou das discussões promovidas ontem em Ponta Grossa, disse que os transportadores de cargas exigem que o governo suspenda temporariamente o reajuste. Se isso não acontecer, eles ameaçavam parar o tráfego de caminhões nos principais pontos do Estado. Não há previsão para o fim do protesto e a possibilidade de desabastecimento nas cidades está crescendo, dizia Botelho.
No final da manhã, um grupo de deputados de oposição ao governo estadual foi até a concentração e afirmaram que tentariam entregar as reivindicações ao governador. A maioria deles defendeu a suspensão das concessões com cancelamento dos contratos com as concessionárias de rodovias. Apenas os carros de passeio podiam passar. Durante os discursos dos políticos e lideranças da categoria, por mais de uma hora, todas as pistas foram fechadas.
O prefeito de Ponta Grossa, Jocelito Canto (PSDB), garantiu que a concentração em seu município não tem motivação política. Estou oferecendo a estrutura que os caminhoneiros pediram, como faria para qualquer outro movimento. Isso não significa que pretendo afrontar o governo, afirmou. Segundo Canto, Ponta Grossa está centralizando os manifestos porque é um ponto geográfico estratégico e possui o maior percentual de caminhoneiros autônomos do Estado.
Eu sou favorável à cobrança de pedágio, mas defendo que o governo conceda um desconto maior ainda para os transportadores, pelo menos por enquanto, pois eles passam por uma crise financeira grave devido aos baixos valores do frete, opinou.Filas nos acostamentos chegou a atingir 10 quilômetros nos dois sentidos das rodovias ocupadas pelos caminhoneiros
José SuassunaNey de SouzaCENAS NO PARANÁPonta Grossa, ontem à tarde (acima): cinco mil caminhões, segundo os organizadores do protesto, e três mil, segundo a Polícia Rodoviária. Foz do Iguaçu (ao lado): duas praças de pedágio bloqueadas em 48 horas de manifestaçãoEdson MazzettoCascavel: movimento retomado na manhã de ontemKraw PenasMotorista Edssandro Berger, de Ponta Grossa: revoltadoMário CesarSebastião Carrastale: tarifa pesa, mas é pago pela empresa