Políticos paraenses atacam mínimo de R$ 150
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sábado, 18 de março de 2000
Políticos paraenses atacam mínimo de R$ 15019/Mar, 17:57 Por Carlos Mendes, especial para a AE Belém, 19 (AE) - Os políticos do Pará receberam com desagrado a decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de fixar, a partir do próximo dia 1º de maio, o salário mínimo em R$ 150,00. O senador Ademir Andrade (PSB-PA) diz não estranhar a postura do governo federal, a quem atribui a responsabilidade pelo agravamento da crise social no País. "Arrocho salarial e desemprego são as políticas desse governo". De acordo com levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) o novo salário já nasceu devorado por aumentos exorbitantes de preços em Belém. O acréscimo de apenas R$ 14,00 aos R$ 136,00 do atual salário dará para comprar somente mais três quilos de carne. Antes do "reajuste", o mínimo dava para comprar 30 quilos de carne. A partir de maio, 33 quilos. Mas o transporte coletivo na capital paraense aumentou 16%, a alimentação, 13%, o gás de cozinha 50% e o material escolar, 15%. O coordenador do Dieese em Belém, Roberto Sena, revela que 40% da população economicamente ativa do Pará recebem como remuneração máxima apenas um salário mínimo. "O mínimo necessário para uma família composta por cinco pessoas sobreviver com certa dignidade no país deveria ser hoje de R$ 930,83, ou mais de seis vezes, os R$ 150,00 fixados pelo presidente da República", afirma Sena. Nos últimos 14 anos, diz ele, houve uma "queda brutal" no poder aquisitivo dos trabalhadores. Em março de 1986, por exemplo, com o salário da época era possível adquirir 670 passagens de ônibus. Hoje, com os atuais R$ 136,00 de salário, só é possível comprar 214 passagens. Para Sena, a atual política salarial do governo é um forte componente na concentração de renda no Brasil. "A maior valorização do salário e sua consequente distribuição de renda ocorreu em 1959, quando ele chegou a valer R$ 820,71 da atual moeda".