O risco de disseminação da Covid-19 nos presídios preocupa servidores e detentos das unidades do Estado. O Sindarspen (Sindicato dos Policiais Penais do Paraná) reivindica a realização de exames em todos os funcionários do sistema penitenciário e também nos presos para monitorar o número de casos e evitar que a pandemia se propague nas celas.

Sindicato cobra que testagem seja feita em todos os funcionários e detentos
Sindicato cobra que testagem seja feita em todos os funcionários e detentos | Foto: Saulo Ohara/6-2-2018

As tentativas de negociação com o governo do Estado se arrastam desde março, quando houve as primeiras confirmações de Covid-19 no Paraná. Até o início da tarde da última sexta-feira (3), o sindicato contabilizava 39 policiais penais infectados e 150 presos diagnosticados com a doença.

Para o vice-presidente do Sindasrpen, José Roberto Neves, a falta de informações oficiais por parte do governo do estado prejudica as ações de combate à pandemia. “Quando você não faz os testes, você não sabe quem está com a doença e a contaminação pode continuar acontecendo. Podemos ter um problema sério no ambiente prisional”, reforçou.

Neves destacou que estudo recente elaborado pela UFF (Universidade Federal Fluminense) aponta que o risco de um policial penal ser contaminado com Covid-19 no ambiente de trabalho chega a 83,7%. O Sindarspen já solicitou às secretarias de Saúde e de Segurança Pública um cronograma de testagens, mas não obteve retorno. A falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) como máscaras, luvas e álcool gel também está entre as reclamações frequentes da categoria.

Em todo o Paraná, há cerca de 3 mil policiais penais e de 22 mil presos, conforme o sindicato. Na Casa de Custódia de Maringá, pelo menos 20 servidores foram diagnosticados com o novo coronavírus. Na cadeia pública de Toledo, no Oeste, 142 presos foram infectados.

Em Londrina, cinco servidores tiveram a confirmação da doença. O coordenador regional do Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), Reginaldo Peixoto, afirmou que dois deles já retornaram ao trabalho e três estão afastados em quarentena.

Até a noite de segunda (6), não havia confirmação de casos entre os presos de Londrina e região. “Estamos tendo um cuidado muito sério na entrada dos presos no sistema. Os servidores estão usando máscaras, luvas e jaleco. Estamos reforçando os cuidados com os uniformes. Todas as pessoas que chegam ficam em uma cela de triagem de 12 a 14 dias. Se não apresentar sintomas, é feita a transferência. O preso passa então por um novo período de triagem. Tudo isso para evitar a contaminação em massa”, explicou.

A coordenadoria regional abrange cerca de 70 cidades do Norte e Norte Pioneiro do Paraná. Há, aproximadamente, 400 servidores e 5 mil presos nas unidades.

Em nota, a assessoria do Depen informou que o órgão “monitora diariamente os registros de casos de Covid-19 entre presos e servidores". "Esses dados são repassados diretamente às autoridades de saúde.” Até segunda (6), havia 25 servidores infectados em todo o Paraná e 147 presos contaminados.

“Presos e servidores têm de duas a quatro máscaras à disposição, além de álcool em gel e sabão para higienização das mãos, entre outras medidas já amplamente divulgadas. Os agentes que têm contato direto com detentos com suspeita ou confirmação da doença contam ainda com equipamentos como óculos, capa e face shield.” Ainda conforme a assessoria, o Depen tem seguido as medidas de prevenção divulgadas pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) e pelo Ministério da Saúde.(Colaborou Walkiria Vieira)