O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o Gepatria (Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa) e a Corregedoria da Polícia Civil do Paraná apuram a existência de um esquema de corrupção envolvendo cinco investigadores da Polícia Civil em Londrina e dois advogados que atuam na cidade. O grupo é suspeito de ter cometido os crimes de peculato, corrupção passiva e concussão, extorsão praticada por agente público.

Em operação realizada nesta quinta-feira (1º), as equipes cumpriram nove mandados de busca e apreensão em residências e em um escritório de advocacia na Gleba Palhano, zona sul de Londrina. Documentos, computadores e celulares foram encaminhados para avaliação e perícia.

De acordo com o promotor responsável pelo Gepatria, Renato de Lima Castro, as ilegalidades teriam sido cometidas em 2017 e em 2018. “O que se investiga é exatamente o crime de corrupção. Em um dos casos, uma pessoa foi encarcerada pela manhã. Durante o dia todo, ela foi submetida ao cárcere e foi exigido dela vantagem indevida no valor de R$ 55 mil. Foi levado um celular para ela enquanto estava presa. Ela pagou o valor para o advogado e esse advogado teria como obrigação dividir os valores com os policiais corruptos”, detalhou.

O homem investigado por extorsão e associação criminosa havia sido detido também por porte ilegal de arma de fogo. Ele teria sido liberado após a transferência bancária. Posteriormente, um inquérito foi aberto para apurar apenas os crimes de extorsão e associação criminosa. Os policiais também teriam retirado objetos e eletroeletrônicos da residência do investigado.

Conforme o promotor, há informações de outros valores que também teriam sido repassados em dinheiro para a entrega de documentos apreendidos indevidamente pelos policiais civis.

Em outro fato apurado, um advogado enviou uma mensagem de áudio por meio de redes sociais a um homem investigado pelos crimes de roubo e tráfico de drogas. Na mensagem, o profissional afirmava que estava corrompendo policiais civis e exigia uma quantia em dinheiro para que o nome do rapaz não fosse citado no inquérito. O valor exigido não foi divulgado e as equipes apuram ainda se o pagamento foi efetuado. O homem investigado morreu anos após esse fato.

Oficialmente, os nomes dos policiais e dos advogados não foram revelados pelos promotores. Ninguém foi preso. As provas coletadas incluem a mensagem de áudio de um dos advogados, a comprovação da transferência bancária e outros documentos obtidos por meio de colaboração premiada.

A apuração dos fatos teve início em 2019. Os cinco policiais civis foram afastados das funções e entregaram armas e distintivos. Alguns dos suspeitos chegaram a ser presos em outra operação realizada em fevereiro deste ano. Na ocasião, sete policiais civis foram presos em Londrina por suspeita de corrupção. O grupo teria se apropriado de mercadorias contrabandeadas apreendidas, como equipamentos eletrônicos. A diferença entre o valor da apreensão e os dados repassados à Receita Federal foi relatada à Corregedoria da Polícia Civil.

“Isso é um indicativo de que possam ter ocorrido outros crimes, outros delitos, outras ações da mesma natureza com esses mesmos investigados ou com outros agentes públicos que possam aparecer”, informou o promotor do Gaeco, Jorge Barreto.

A operação desta quinta-feira foi acompanhada também por representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Londrina. Entre eles, o procurador de prerrogativas da OAB, Luis Guilherme Cassarotti. Nenhum depoimento dos suspeitos estava programado para esta quinta. As defesas dos suspeitos não foram localizadas para entrevista.