Após a interceptação de um suspeito de encomendar R$ 5.000 em notas falsas em Cambará, no Norte Pioneiro, a Polícia Federal de Londrina alerta sobre a circulação de dinheiro falsificado na região. O suspeito foi preso em flagrante na segunda-feira (4). Ele tinha encomendado o dinheiro pelo correio. As notas vieram dentro de um livro didático de geografia e foram interceptadas pela PF (Polícia Federal), avisada pelos Correios. Segundo a PF, o homem negou que ele seria o destinatário da encomenda, embora seu nome estivesse escrito.

O delegado da Polícia Federal em Londrina, Vinícius Zangirolani, conta que no dia da entrega da encomenda, a casa do suspeito estava vazia e o carteiro não entregou. "Uns 40 minutos depois, o homem apareceu para retirar a correspondência e verificamos que dentro tinha R$ 5.000 em notas de R$ 100, todas falsas", contou. Além desse homem, outras sete pessoas estariam envolvidas no esquema de cédulas falsas nos últimos oito meses. "Agora vamos verificar quem enviou essa correspondência, se os outros envolvidos iriam repassar esse dinheiro em Cambará", disse. Embora o suspeito tenha sido encaminhado para um distrito policial, a Justiça arbitrou fiança nesta terça-feira (5).

Zangirolani avisa que nos últimos meses a circulação de notas falsificadas aumentou na região. "Tem muita compra de nota falsa por meio de redes sociais, grupos de aplicativos. As notas são negociadas e entregues usando os Correios", relatou. A troca de informações entre a PF e os Correios facilitaram a apreensão de mais de R$ 45 mil em notas falsas que seriam colocadas em circulação na região de Londrina em 2018, conforme lembrou o delegado. "Prendemos seis pessoas no ano passado."

O crime de moeda falsa pode levar a uma pena de 3 a 12 anos. "A gravidade da pena é medida com base no comportamento da pessoa, quantas vezes ela cometeu esse crime e na extensão do dano que causou", explicou. Zangirolani alerta que quem recebe nota falsa de boa fé e depois percebe, precisa apresentar essa nota para alguma força policial. "Se repassar é considerado o mesmo crime."

As cédulas brasileiras têm uma série de marcas de segurança. Para identificar se uma nota é falsa, é importante prestar atenção na qualidade do papel. "Eles nunca conseguem reproduzir o papel na mesma textura, com a marca d'água, impressão. Tem que procurar com atenção nas notas de valor elevado, atentar para a numeração de série, se forem repetidas, é identificador de falsidade."

Mesmo com as marcas de segurança, a falsificação ainda acontece. Isso porque, de acordo com o delegado, as pessoas tentam aprimorar o trabalho, não só com uma boa qualidade de falsificação, mas procurando passar essas notas em locais de alta movimentação. "Parques de exposições, eventos, feiras da lua, lugares onde a pessoa não vai ter condição de analisar com profundidade a nota."

O Banco Central do Brasil também ressalta que receber uma nota falsificada e repassá-la adiante configura crime. As cédulas falsas não são trocadas pelo Banco Central. Na suspeita de dinheiro falso, a instituição orienta que as notas sejam encaminhadas para exame na rede bancária e o recibo de retenção deve ser solicitado.

Gerente de mercado no centro de Londrina, Josimar dos Santos diz que faz tempo que não vê notas falsas circulando no estabelecimento. "Há um tempo atrás tinha bastante. Ultimamente, não." Ele disse que há vídeos de treinamento no site do Banco Central que ensinam a identificar notas falsas e que os funcionários dos caixas conseguem distingui-las com facilidade. "É fácil identificar, pelo tato, as notas são diferentes."

Responsável por uma farmácia também na região central, Bruno Eduardo Nagy disse que está na gerência da loja há dois meses e durante esse período não viu notas falsas. "A gente passa uma caneta para conferir se a cédula é falsa", apontou. Nagy ressaltou que, antes de ser transferido para Londrina, atuava em uma loja da mesma rede em Arapongas, onde frequentemente circulava dinheiro falsificado.