Lucinéia Parra
De Maringá
Vinte e cinco policiais militares fizeram ontem a segurança da Fazenda Figueira, de 1.200 alqueires, em Guairaça (26 quilômetros a noroeste de Paranavaí) para permitir a vacinação das 4.300 cabeças de gado. O reforço policial foi solicitado pelo fazendeiro Marcelo Aguiar porque os trabalhadores sem-terra, que invadiram a propriedade em setembro do ano passado, não permitiram a entrada dos técnicos para fazer a vacinação do gado.
Mesmo com o reforço policial, o gado só pode ser vacinado em um retiro a aproximadamente quatro mil metros da sede da fazenda, onde estão os sem-terra. ‘‘Eles não permitem a nossa entrada lá de jeito nenhum’’, disse Aguiar. Ele denunciou a ação dos trabalhadores afirmando que desde a invasão várias cabeças de gado foram abatidas sem o mínimo critério pelos sem-terra. ‘‘Eles abatem as matrizes e deixam os bezerros morrerem no pasto. E também não deixam a gente entrar para colocar sal nas cocheiras.’’
Segundo Aguiar, o gado na fazenda era considerado um dos melhores rebanhos da região. ‘‘Hoje é só dar uma olhada nos animais para ver em que estado estão. A falta de manejo adequado do rebanho vai fazer cair a fertilidade do gado e a produção fica comprometida.’’ Ele estima que sejam necessários dois anos para recuperar o rebanho.
O presidente da União Democrátrica Ruralista (UDR), Tarcísio de Souza, disse que a ação dos sem-terra coloca em risco a comemoração do Estado pelo fim da febre aftosa no rebanho. ‘‘Em outras fazendas invadidas, os próprios técnicos da Secretaria de Agricultura detectaram falta do rebanho separado para vacinar. Isso significa que tem gado sem vacinar na região.’’ Na fazenda Figueira, apesar da presença dos policiais, os sem-terra não haviam liberado cerca de 40 animais para a vacinação.
Além dos policiais, um oficial de Justiça e técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado também acompanharam a vacinação do gado. Na sede da fazenda estão cerca de 180 trabalhadores sem-terra, mas o proprietário já conseguiu a reintegração de posse. ‘‘Os sem-terra judiam do gado para pressionar porque querem que eu retire os animais e os meus empregados da fazenda. Só que eu não retiro o gado daqui de jeito nenhum’’, disse Aguiar.