Principal suspeito de ter assassinado a escrivã Maritza de Souza, 41, e sua filha, Ana Carolina de Sousa, 16, há dez dias, o delegado Erik Busetti foi indiciado por duplo feminicídio com o agravamento da pena em, no mínimo, um terço por ter cometido o crime na presença da filha de nove anos. Os detalhes sobre as investigações e o indiciamento do delegado, que era casado com a escrivã, foram repassados em uma entrevista coletiva quando da conclusão do inquérito, na manhã desta segunda-feira (16). O crime ocorreu no bairro Atuba, em Curitiba, e o suspeito permanece detido no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, desde que foi preso em flagrante.

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Após a análise das imagens das câmeras de segurança da residência, a polícia concluiu que o casal discutiu por cerca de três horas até que Busetti disparasse ao menos 13 vezes contra as vítimas. “Através da análise das imagens vimos que a discussão e o assassinato ocorreram no segundo andar e a filha estava no quarto que dá acesso ao segundo andar com a porta fechada. Embora ela não tenha presenciado, visto o acontecimento, ela certamente dentro do quarto ouviu os disparos e as brigas”, esclareceu a delegada Camila Cecconello.

Também segundo a delegada, durante as discussões, Maritza de Souza chegou a arrumar uma mala para sair de casa com a filha e a jovem teria sido agredida pelo delegado antes do assassinato da própria mãe, o que explica a roupa rasgada do suspeito. A Polícia Civil também aguarda um laudo pericial realizado nos celulares das vítimas e do suspeito, o que deve ser encaminhado ao Ministério Público nos próximos dias. “Nós concluímos hoje o inquérito devido ao prazo esgotado, porém nós aguardamos a perícia dos celulares para ser remetida ao Poder Judiciário”, afirmou.

Durante o inquérito policial sete testemunhas foram ouvidas, dentre vizinhos do casal e os familiares das vítimas. Também segundo a polícia, nestes depoimentos foram mencionados supostos desentendimentos ou qualquer tipo de animosidade entre Busetti e a enteada de 16 anos.

Também na tarde desta segunda-feira, o advogado de defesa de Erik Busetti, Claudio Dalledone, classificou as imagens como “trágicas” e evitou falar em “estratégias” para a fase de instrução processual como a de desqualificar a vítima para convencer o Tribunal do Júri a amenizar a pena. “Nunca falei em fatalidade, mas em tragédia que atinge a todos e, principalmente, o Erik. Evidentemente que um copo transbordou aquele dia, que isso é uma sequência de situações extravagantes e inimagináveis que desgraçou a vida de um delegado de polícia(..) A delegada de polícia tem impressões do que viu, pois não há áudio naquilo tudo. Existem testemunhas que dão circunstâncias do que vinha ocorrendo numa vida de um casal que vivia às turras”, avaliou.

Questionada sobre o impacto do crime na Polícia Civil do Paraná, a delegada Camila Cecconello lamentou profundamente. “É uma grande tragédia. A Polícia Civil inteira sofreu muito com este acontecimento, então, é um sentimento de bastante tristeza, um sentimento de que as coisas saíram do controle de uma forma bastante triste e acabou ceifando a vida de duas mulheres", lamentou.