A Polícia Científica realizou novas perícias relacionadas à investigação do caso da morte da jovem Eduarda Shigematsu, cujo corpo foi encontrado enterrado no quintal da casa de propriedade do pai dela, Ricardo Seidi, em abril de 2019, em Rolândia (Região Metropolitana de Londrina). Quatro peritos do Instituto de Criminalística periciaram a casa onde o crime teria ocorrido e onde a avó da garota reside, Terezinha de Jesus Guinaia. O outro imóvel periciado é onde o corpo foi encontrado. Os novos exames dos locais tiveram início às 9 horas e terminaram por volta do meio-dia. Três advogados que representam Ricardo Seidi, um advogado que representa Terezinha de Jesus Guinaia e um advogado de acusação, que representa a mãe de Eduarda, acompanharam todo o processo.

Processo do caso Eduarda Shigematsu corre no Fórum de Rolândia
Processo do caso Eduarda Shigematsu corre no Fórum de Rolândia | Foto: Gustavo Carneiro

A nova perícia é resultado do pedido da defesa de Ricardo Seidi. O advogado Roberto Ekuni Júnior afirmou que a requisição era de uma reprodução simulada, conhecida popularmente como reconstituição do crime, mas isso foi negado. “Na análise do processo vimos que não foi produzido nada de provas sobre a versão do Ricardo, que alega que a Eduarda cometeu suicídio ou que um terceiro tenha adentrado na casa e tenha matado a garota. O Ricardo assumiu a ocultação do cadáver, porque tinha objetos ilícitos no quintal e resolveu que não deveria chamar tanta atenção para o local. Desde o início ele apresenta a mesma versão”, afirmou.

Ele destacou que a nova perícia não era objetivo primordial da defesa. “Vamos aguardar a conclusão do laudo. Se ele esclarecer todos os 23 quesitos que a defesa apresentou, tudo bem. A defesa está preparada para o plenário, mas tem um quesito específico lá, que é a ordem cronológica, que eu acho que essa perícia não vai esclarecer”, declarou.

O advogado Mauro Valdevino da Silva, que representa Terezinha de Jesus Guinaia, ressaltou que as únicas pessoas que estavam no local eram a vítima e o acusado. “Se isso não for suficiente para requerer a reprodução simulada, então fica difícil. Uma está morta e outra está viva. Obviamente que a que está viva deveria fazer a reprodução simulada para falar o que aconteceu”, afirmou, ao concordar com o pedido de reconstituição.

Sobre as modificações realizadas no imóvel, ele afirmou que a estrutura é a mesma e não desnatura em nada aquilo que já foi colocado. "Vamos aguardar a conclusão da perícia para ver se estamos satisfeitos com as respostas, caso contrário vamos voltar a pedir a reprodução simulada.”

O chefe do Instituto de Criminalística de Londrina, Luciano Bucharles, ressaltou que a defesa formulou 23 perguntas que serão respondidas tecnicamente. “Há perguntas de cunho testemunhal e não são de caráter pericial”, apontou. Ele ressaltou que o Instituto de Criminalística não negou a realização da reprodução simulada, mas que os quesitos apresentados pela defesa não são para isso. “É como se eles pedissem para eu fazer uma torta salgada e me dessem ingredientes de torta doce. Não é que a defesa não fez as perguntas corretas. Isso é normal. Os advogados de defesa e o Ministério Público não conhecem a tecnicidade da perícia.”

Segundo Bucharles, o laudo deva ser emitido dentro de um prazo de 30 a 60 dias. “A Polícia Científica realiza de 30 a 40 solicitações de exames todos os dias e esses laudos são feitos em paralelo. Eu não consigo prever quando o laudo ficará pronto. Pode ser que saia antes ou depois. Tudo depende do índice de violência na região.”

O assistente da acusação, Marcos Prochet Filho, ressaltou que a defesa pode requerer novas perícias até onde seja pertinente ao processo. “A defesa havia requerido uma reconstituição no local dos fatos, mas foi negado porque não havia condições de fazer isso após três anos.” Para ele, essa perícia "não teve relevância alguma". “Os locais periciados permaneceram em posse dos réus, inclusive a ré [Terezinha] reside em uma das casas”, afirmou Prochet.

Ele afirmou que o local não foi preservado. “Para fazer um novo exame preciso, o local tem que estar intacto e preservado. As provas do processo são suficientes para corroborar a materialidade do delito”, argumentou.

Prochet ressaltou que o adiamento do julgamento representa muita angústia para a família e para a mãe de Eduarda. “Foi uma situação muito delicada e ela gostaria de ver a justiça feita o mais breve possível.”

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