A Polícia Civil instaurou inquérito nesta segunda-feira (12) para apurar as circunstâncias da morte de Matheus Ferreira, 18, atingido por um tiro no pescoço, na madrugada de domingo (11), no jardim Porto Seguro, na zona norte de Londrina. Segundo informações do Coletivo Contra o Genocídio da Juventude de Periferia de Londrina, relatos de testemunhas apontam que o tiro partiu de uma das armas da equipe da Guarda Municipal que patrulhava o bairro.

De acordo com a versão dos três guardas municipais, eles foram acionados para atender uma ocorrência de pertubação de sossego em uma festa com música em alto volume e, quando chegaram, encontraram o rapaz com um ferimento. Os guardas relataram ainda que fizeram procedimentos de primeiros socorros para tentar salvar a vida do rapaz e o encaminharam para o HU (Hospital Universitário), mas que ele não resistiu e morreu. Os guardas informaram que não conseguiram identificar o autor dos disparos.

No entanto, segundo moradores do bairro, trata-se de uma ação arbitrária da Guarda Municipal. Uma representante do Coletivo, que preferiu não se identificar, informou que testemunhas afirmam que os tiros foram disparados pela Guarda Municipal, "que já teria chegado atirando". Os moradores afirmam ainda que houve alteração na cena do crime. O corpo de Ferreira foi enterrado na manhã desta segunda-feira no Cemitério Jardim da Saudade. Amigos da família lembraram que o jovem não tinha antecedentes criminais. Familiares foram procurados pela reportagem, mas abalados, preferiram não se pronunciar.

ARMAS RECOLHIDAS
O secretário de Defesa Social de Londrina, Evaristo Kuceki, responsável pela Guarda Municipal, informou que ouviu a versão dos guardas municipais e que recolheu as armas e munições dos três agentes. "Abrimos um procedimento interno que será conduzido pela Corregedoria da Guarda Municipal e, além disso, todos os materiais que serão periciados foram encaminhados à Polícia Civil, que ficará responsável pelas investigações", detalhou. Apesar disso, segundo Kuceki, os agentes devem continuar no trabalho externo. "Por enquanto não há nada de concreto que aponte a participação deles em um crime", acrescentou.

Na tarde desta segunda, Kuceki participou de uma reunião com o promotor de Justiça Paulo Tavares, e representantes da Defensoria Pública, Direitos Humanos, Conselho Tutelar, UEL (Universidade Estadual de Londrina), além de membros do Coletivo Contra o Genocídio da Juventude de Periferia de Londrina formado por várias entidades da cidade. Segundo o Coletivo, a reunião já estava marcada previamente para discutir um aumento na onda de violência na periferia de Londrina nos últimos 15 dias. Tavares foi procurado para comentar o assunto, mas não retornou as ligações até o fechamento da edição.