O Batalhão de Choque da Polícia Militar prendeu, no início da tarde desta sexta-feira (21), mais dois suspeitos de envolvimento nas manifestações de segunda-feira (17), em Londrina, em protesto contra a morte de dois jovens pela Polícia Militar no sábado (15). Na manhã desta sexta, outros três suspeitos já haviam sido presos em uma operação conjunta entre a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Guarda Municipal.

Os suspeitos foram identificados por câmeras de segurança de ônibus intermunicipais depredados entre domingo (16) e segunda-feira. Em vídeo, foram flagrados com armas brancas ou de fogo. Além da destruição dos veículos de passageiros, bagagens foram roubadas.

De acordo com a Polícia Civil, os procurados já tinham mandado de prisão preventiva em aberto pelos crimes de organização criminosa, roubo agravado e dano agravado.

A operação na manhã desta sexta-feira contou com cem agentes de segurança, 35 viaturas e o helicóptero Falcão. Com um dos três detidos, foram encontradas substâncias ilícitas e ele vai responder, também, por tráfico.

Após a detenção do trio, a Polícia Civil divulgou os retratos dos outros quatro procurados: um homem de 25 anos, que respondeu a quatro processos por roubo e um por furto; um homem de 27 anos, que responde a três processos por roubo, dois por roubo qualificado e corrupção de menores, além de inquéritos anteriores por homicídio, roubo agravado, associação criminosa e corrupção de menores; um homem de 33 anos, processado por roubo e associação criminosa; e um rapaz de 19 anos, que responde processos por roubo, furto, corrupção de menor e maus-tratos a animais; além de ser alvo de duas investigações policiais em andamento.

No começo da tarde, os dois últimos procurados foram presos no Jardim Gávea, também na zona norte.

Londrina vive sob operação policial desde terça-feira, após atos em protestos pela morte de dois jovens, de 20 anos e de 16 anos, na noite de sábado, pela PM, no Jardim Santiago (zona oeste).

A versão da corporação é que ambos estariam em um veículo utilizado em supostos furtos a residência e, ao serem abordados, teriam exibido armas e acabaram morrendo em confronto.

Porém, familiares e amigos contestam a versão oficial e dizem que ambos eram trabalhadores e não tinham antecedentes criminais. O mais velho havia inaugurado um lava rápido duas semanas antes e contratado o adolescente como ajudante. Eles teriam utilizado o veículo para ir a uma loja de conveniência para comprar bebidas quando foram mortos a tiros de fuzis.

Vídeos registrados por moradores na noite do ocorrido e divulgados nas redes sociais mostram a população criticando os policiais por terem matado jovens que seriam honestos e trabalhadores. Houve reação da PM com balas de borracha e latas de gás.

No domingo (16), houve o primeiro ato contra os ônibus intermunicipais. Na segunda-feira, depois do velório e enterro dos jovens, familiares e amigos iniciaram protestos em várias regiões de Londrina, fechando vias e pedindo justiça pelos jovens.

As manifestações, que começaram pacíficas no fim da tarde, tiveram uma escalada de violência, culminando com várias vias e dois ônibus – um municipal e outro intermunicipal – incendiados.

Essas ações levaram a Secretaria de Segurança Pública a intervir, movendo equipes de policiais de outras localidades para Londrina, além de trazer reforços aéreos, como helicópteros com equipamentos de alta tecnologia, desde a terça-feira (18).

No mesmo dia, o secretário de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, disse que o suposto confronto está sendo apurado pela PM, com envolvimento de oficiais de Maringá, para manter a lisura do processo. Entretanto, ele não confirmou se os policiais envolvidos foram afastados de suas funções.

(Matéria atualizada às 18h15)

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