Lúcio Flávio Moura
De Londrina
Em uma gigantesca mobilização – 250 homens transportados em 50 caminhonetes F-1000 do Grupo de Operações Especiais (GOE) de vários batalhões do Estado, com o reforço da tropa de choque e de cães – a Polícia Militar desocupou no final da madrugada de ontem as fazendas Santa Mônica e Pompéia, no município de Congoinhas (55 km ao sul de Cornélio Procópio), invadidas no início de novembro por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). É a quarta desocupação esta semana, sendo que as outras duas áreas desocupadas ficam na região de Maringá (Fazenda Vitória, em Querência do Norte, e Fazenda Alto Limpo I, em Santo Inácio).
Nas desocupações de ontem, no total, de acordo com o MST, foram removidas 98 famílias, 78 na Pompéia e 20 na Santa Mônica. Para a polícia foram 80 pessoas. A desocupação ocorreu das 5 às 8h30. Embora considerada pacífica até mesmo pela coordenação estadual do MST, a operação resultou na prisão de cinco sem-terra.
José Maria dos Santos, Pedro Torcate, Antônio José da Costa, Ricardo Lavino Cabral e Joaquim Soares dos Santos estão detidos na delegacia de Congoinhas, acusados de formação de quadrilha e porte ilegal de armas. Eles eram os líderes do acampamento da Fazenda Pompéia e foram flagrados com espingardas.
A Fazenda Pompéia fica a 17 quilômetros da sede do município e tem 726 hectares. É destinada à pecuária de corte e foi considerada produtiva pelo Incra. É de propriedade de Aroldo Schweidzer.
A Fazenda Santa Mônica fica a 12 quilômetros da cidade de Congoinhas e é de propriedade de Hassib Abboud. Os dois proprietários já haviam conseguido há tempos a ordem judicial para reintegração de posse.
Segundo informou o comando da operação, foi encontrado no acampamento ‘‘um vasto arsenal de armas brancas como facas, facões e foices’’. De acordo com a PM, foi feita uma triagem para identificar o local de origem dos removidos. Eles teriam sido levados para seus respectivos municípios em dois ônibus e dois caminhões. Porém, a coordenação do MST disse que, desde ontem, os sem-terra das duas fazendas estão instalados em um ‘‘outro assentamento da região’’.