PM desocupa fazenda em Querência
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quarta-feira, 05 de janeiro de 2000
Marcos Zanatta
De Maringá
A Polícia Militar voltou a retirar as famílias que invadiram pela segunda vez a Fazenda Vitória, em Querência do Norte (113 quilômetros a noroeste de Paranavaí). Mas os cerca de 70 sem-terra prometem voltar à propriedade. Em maio de 98, 10 famílias haviam invadido a propriedade. Elas foram retiradas pela PM no último dia 23 de dezembro.
No início da noite de anteontem, os sem-terra voltaram a invadir a área, mas a polícia agiu rápido. Durante a desocupação o sem-terra Antonio dos Passos Leandro, 42 anos, foi preso por porte ilegal de arma.
Segundo a polícia, ele estava com dois revólveres sem documentação, um calibre 32 e um 38. No final da tarde ele foi liberado depois da polícia confirmar que não tem nenhum problema com a Justiça e de pagar uma fiança de R$ 80,00. As famílias que ocupavam a propriedade, segundo o sem-terra Josemir dos Santos, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pretendem voltar para a área. Todos têm plantação no local e não querem perder a única fonte de renda, explica. Segundo ele, as 10 famílias têm cerca de 40 alqueires de lavouras.
O empregado da fazenda, Manoel Ferreira, diz que as lavouras somadas não chega à metade do que os sem-terra alegam ter plantado. Ele disse ainda que das 70 pessoas que voltaram a invadir a fazenda anteontem, duas ou três eram do acampamento anterior. O restante, Ferreira acha que o MST convocou de outros acampamentos apenas para reocupar a Vitória. Eles chegaram aqui no início da noite, arrombaram a porta da minha casa e levaram um monte de coisas minhas, disse ontem à Folha.
Ferreira também acha que os sem-terra voltam para a propriedade. Ele conta que desde a primeira desocupação, em dezembro, as famílias vinham falando que pretendiam retornar para a área. O dono da fazenda, Fernando Bittar Trochmann, que mora em Ponta Grossa, calcula que teve um prejuízo de R$ 200 mil apenas com a destruição das benfeitorias. Se os sem-terra voltarem vou agir da mesma forma, avisando o comando da Polícia Militar na região que vai lá e tira eles da propriedade, afirma.
Tanto Trochmann como os sem-terra alegam que a confusão em torno da fazenda foi causada pelo Incra. Um primeiro laudo de vistoria apontava a propriedade como improdutiva. Ele entrou na Justiça e conseguiu uma nova vistoria, comprovando a produtividade da área. Mas nesse tempo os sem-terra chegaram até a dividir os lotes e montar barracos.

