Pitta luta para evitar o impeachment
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domingo, 26 de março de 2000
Por Elizabeth Lopes
São Paulo, 27 (AE) - O prefeito de São Paulo deixou, hoje à noite, o Palácio das Indústrias pela porta da frente. Apesar da correria, sorriu e fez sinal de positivo para a imprensa.
Depois de um final de semana tumultuado, Celso Pitta comemorava mais uma vitória na Justiça, com a obtenção do efeito suspensivo à liminar que na sexta-feira determinou o seu afastamento da Prefeitura.
E essa vitória teve para o prefeito um duplo sentido: além de ser a sua garantia no cargo, será um dos principais argumentos que usará para tentar evitar o processo de impeachment, que poderá ser instaurado pela Câmara dos Vereadores.
E disposição para isso não falta, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já confirmou que entrará com o pedido e alguns partidos da oposição passaram o dia discutindo o mesmo assunto.
Celso Pitta passou boa parte desta segunda-feira dedicando-se às articulações políticas. Depois de receber apoio formal de seu secretariado, o prefeito entrou em contato com aliados políticos para encontrar um caminho para tentar barrar os ataques da oposição. "O que o preocupa é o cenário político, que é muito dinâmico. Porém, ele tem na decisão da Justiça, que o reconduziu ao cargo, uma grande aliada", explica um de seus assessores. E continua: "A decisão da Justiça está sendo vista pelo prefeito como um aval para negociar com a Câmara dos Vereadores e provar que tem condições de continuar na administração da maior cidade do País."
Um de seus secretários, Getúlio Hanashiro, dos Transportes, já saiu nessa linha de defesa do prefeito. Após a reunião do secretariado, ele declarou: "Felizmente restaurou-se o princípio do Estado de Direito. Já fui exilado político e o que se fez com o prefeito foi um verdadeiro desrespeito ao estado de direito, pois ele foi cassado sem ter tido o direito de defesa, mas felizmente isso foi revertido."
Por essa razão, os assessores de Pitta garantem que, do ponto de vista jurídico, ele está absolutamente tranquilo, porque sabe que não há meios de ser afastado do cargo por uma medida judicial.
Tanto que deixou esse assunto exclusivamente a cargo de seus dois advogados, Mário Sérgio Duarte Garcia e Antonio Cláudio Mariz de Oliveira. É por essa razão que ele resolveu centrar suas ações no campo político.