São Paulo - A PF (Polícia Federal) prendeu nesta terça-feira (18) 16 pessoas em uma operação contra a quadrilha que trocava etiquetas de malas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em um esquema usado para envio de drogas à Europa.

Essa é a segunda fase da Operação Colateral, que identificou os líderes da organização criminosa. Foram cumpridos 45 mandados judiciais, sendo 27 de busca e apreensão, dois de prisão preventiva e 16 de prisão temporária - dois seguiam foragidos - nas cidades de Guarulhos e São Paulo.

Cinco dos alvos dos mandados são suspeitos de serem os líderes e responsáveis pela operação criminosa. Eles conseguem a droga e determinam o dia do embarque, o destino e como ela é levada ao aeroporto, segundo as investigações. Desses cinco, quatro foram presos e um está foragido.

De acordo com o delegado da PF Felipe Faé Lavareda de Souza, há a possibilidade de que os presos tenham ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital). A expectativa é analisar os materiais apreendidos na ação para comprovar essa ligação e também chegar a mais envolvidos.

No esquema, segundo a Polícia Federal, as malas com drogas entravam no aeroporto pelo setor nacional, depois eram desviadas para o internacional - com ajuda dos funcionários que integravam a quadrilha - e levadas de forma clandestina para as aeronaves.

Os executores do esquema eram funcionários do aeroporto e até de algumas companhias aéreas, de acordo com a investigação. No momento da prisão, dois suspeitos tentaram se livrar dos aparelhos celulares, segundo o delegado.

Um tentou quebrar o aparelho, que ficou com avarias. Outro jogou o celular pela janela da casa, no telhado do vizinho. Mesmo assim, ambos foram recuperados e apreendidos pela PF.

A PF estima que a quadrilha atuava havia dois anos no Aeroporto Internacional de Guarulhos e que pode ter ramificações em outros aeroportos do Brasil.

Em março, duas brasileiras foram presas na Alemanha sob acusação de tráfico internacional de drogas depois de terem as etiquetas de suas bagagens trocadas no aeroporto. Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, passaram mais de um mês presas injustamente por conta da atuação da quadrilha. Elas tiveram a identificação da mala trocada e foram presas em Frankfurt sob a acusação de levar 40 kg de cocaína na bagagem.

À época, a própria PF do Aeroporto Internacional de Guarulhos identificou e prendeu os responsáveis que atuaram no aeroporto. O órgão comprovou a troca de etiquetas e demonstrou a inocência das brasileiras, que, após o envio das provas às autoridades alemãs, foram soltas e retornaram ao Brasil.

Baía comemorou nesta terça-feira a prisão dos mandantes e de integrantes da quadrilha que operava o esquema. "Hoje, Jeanne e eu vamos esquecer as nossas dores físicas e emocionais para comemorar com vocês uma conquista que é de toda a nação brasileira. Após um trabalho de grande maestria e muita investigação, a Polícia Federal, hoje, prendeu vários integrantes dessa quadrilha que fez Jeanne e eu, e tantos brasileiros vítimas, deixando pessoas vulneráveis aos despacharmos as malas", disse em vídeo enviado à Folha de S.Paulo por sua advogada, Luna Provázio.

Além de comemorar as prisões de pessoas apontadas como integrantes da quadrilha, Baía fez apelo para que as companhias aéreas reforcem a segurança após o despacho das bagagens.

"Que esse trabalho sirva de exemplo também para a companhia aérea. Que elas também coloquem pessoas que possam acompanhar essas bagagens que são despachadas, pois nós pagamos caro pelo serviço de despachar bagagens e nós desejamos, de fato, que isso nunca mais aconteça com nenhum brasileiro, pois só Jeanne e eu sabemos a dor e o impacto que esses 38 dias de prisão geraram em nossas vidas", desabafou.