PF indicia economista por tráfico de influência no caso Marka
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terça-feira, 01 de fevereiro de 2000
Por Gustavo Alves
Rio, 01 (AE) - A Polícia Federal (PF) indiciou hoje o economista Rubem Novaes por tráfico de influência. Novaes, acusado de envolvimento nas operações do Banco Central de venda de dólares aos bancos Marka e FonteCindam, foi ouvido hoje pelo delegado Luiz Pontel, responsável pelo inquérito. Pontel adiantou que também pretende indiciar o ex-presidente do BC Francisco Lopes por peculato - emprego de dinheiro público para socorrer empresas privadas sem necessidade. Ele não aceitou a explicação do BC de que as vendas de dólares aos dois bancos cariocas evitaram uma "crise sistêmica" do mercado financeiro. "O argumento não é suficiente e não justifica as condutas do Banco Central", afirmou.
Novaes chegou às 16h na Superintendência da PF do Rio, acompanhado do advogado Arthur Lavigne. Na saída, às 18h30, o economista afirmou não haver motivos para acusá-lo de tráfico de influência. Segundo Novaes, ele tentou ajudar Salvatore Cacciola
então dono do Marka, a evitar a quebra de seu banco porque ambos são amigos. "Fiz o que qualquer cidadão de bem faria", defendeu-se. O economista afirmou também que não tem relações com Francisco Lopes que justifiquem a acusação de tráfico de influência.
Viagem - Novaes acompanhou Salvatore Cacciola e o economista Luiz Bragança, sócio da Macrométrica, na viagem à Brasília (DF), em janeiro do ano passado, quando o banqueiro foi pedir ajuda para cobrir os prejuízos do Marka com a mudança da política cambial. Mas o economista nem chegou a ir à sede do Banco Central, preferindo ficar no Aeroporto de Brasília (DF).
"Fui a Brasília atendendo a um apelo de um colega que conheço há 35 anos", declarou. Mesmo assim, o delegado considera que ele ajudou Cacciola a ser beneficiado pelo BC para cobrir as perdas do Marka com a alta do dólar. "Ele participou das operações para influenciar na decisão do BC", afirmou Pontel.
Cacciola e o ex-presidente do Fonte Cindam, Luiz Antônio Gonçalves, devem ser indiciados por gestão temerária e por terem sido beneficiados da operação, acrescentou o delegado da PF. Luiz Bragança vai ser enquadrado por tráfico de influência - ele teria usado sua proximidade com Lopes para conseguir que o BC ajudasse o banco de Cacciola.