Rio, 06 (AE) - A Polícia Federal (PF) começa a discutir amanhã (07) a realização de um levantamento dos moradores do Complexo da Maré, em Bonsucesso, zona norte do Rio. A intenção é identificar estrangeiros que vivem ilegalmente na região. Segundo investigação da Polícia Civil, um grupo de mercenários angolanos estaria participando da guerra pelo controle de pontos-de-venda de drogas nas favelas. Na noite de quinta-feira, a Nova Holanda, uma das 15 comunidades do complexo, foi invadida por traficantes rivais, que mataram seis pessoas.
Os imigrantes que tiverem visto de permanência ou registro fornecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) não terão problemas. Quem estiver com a documentação vencida terá de regularizar sua situação ou deixar o País em oito dias. Os imigrantes ilegais poderão ser extraditados imediatamente. A Polícia Federal informou hoje, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que o objetivo do levantamento "não é discriminar angolanos, mas combater a imigração ilegal de uma maneira geral".
Sem provas - O comandante do 22.º Batalhão da Polícia Militar (Benfica), tenente-coronel Rosemberg Rodrigues da Silva, negou hoje haver indícios da participação de uma milícia de angolanos no recrutamento de jovens da Favela do Timbaú, no Complexo da Maré, conforme aponta a Polícia Civil. "Não sabemos nada disso, essa história surgiu de informações passadas pela comunidade, mas não há provas que comprovem o envolvimento de estrangeiros no crime", disse o comandante.
Cândido Ponte Neto, diretor da organização não-governamental Caritas, que presta assistência a refugiados no País, não acredita na participação de angolanos no crime. Segundo ele, há 1.100 refugiados angolanos em situação legal no Rio e não haveria registro de incidentes com eles. Ontem (05) Neto já declarou que os imigrantes "têm se manifestado muito coerentes e dignos". A ONG faz um trabalho comunitário com a Arquidiocese do Rio há cerca de 20 anos.
Na sexta-feira, o inspetor Antônio Augusto Abreu, chefe do setor de investigações da 21.ª DP, em Bonsucesso, afirmara que havia suspeitas do envolvimento de "mercenários angolanos" com traficantes da Favela do Timbaú. "São mercenários angolanos
exímios atiradores e preparados para situações de guerra, que estão recrutando jovens para o tráfico." A Nova Holanda está ocupada pela Polícia Militar desde sexta-feira.