Petrobras vai gastar R$ 110 mi
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terça-feira, 08 de fevereiro de 2000
Agência Folha
Do Rio
A Petrobras informou ontem que deverá gastar cerca de R$ 110 milhões com a reparação dos impactos ambientais e sociais causados pelo vazamento de 1.292 toneladas de óleo na Baía de Guanabara. Segundo a estatal, está incluída nessa avaliação a multa de R$ 51 milhões paga ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pelo rompimento de um dos dutos que liga a Refinaria Duque de Caxias ao terminal da ilha DÁgua, na baía, no dia 18 de janeiro.
A quantia estimada pela Petrobras equivale a pouco mais de três dias de faturamento da empresa, de acordo com o balanço contábil de janeiro a setembro do ano passado. Com a ajuda de custo mensal que está pagando aos pescadores prejudicados pelo derramamento de óleo na baía, a Petrobras informou ter gasto R$ 1,7 milhão, até sexta-feira passada. Esse dinheiro atendeu 3.783 pescadores.
Não foi divulgado quanto a empresa está gastando com a contratação de consultores estrangeiros e empresas que farão uma auditoria nos dutos. A Petrobras informou também que todo o lixo removido (4.538 toneladas de areia com óleo) das praias atingidas pelo derramamento e todo o óleo retirado do mar (473 toneladas) estão sendo reciclados para servir de combustível na Reduc.
Das 276 aves recolhidas vivas pelos veterinários contratados pela Petrobras, 137 morreram e 139 sobreviveram.
Se cumprir o prazo de 30 dias dado logo após o acidente, a Petrobras divulgará dentro de dez dias os resultados das sindicâncias internas que apuram responsabilidades e as causas do desastre. A empresa atribui o acidente a um erro de projeto e montagem do duto, agravado por falha humana na detecção do vazamento.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Destilação e Refino de Petróleo de Duque de Caxias, Nilson Cesário, acusou ontem a Petrobras de ter desviado, ao longo dos últimos três anos, US$ 207 milhões destinados à manutenção e à instalação de novos equipamentos.
O acidente (vazamento na Baía de Guanabara) ocorreu porque a Petrobras não investiu o dinheiro de acordo com as necessidades da empresa, acusou Cesário. A Petrobras está sendo sucateada para acelarar a sua privatização. Até o início da noite a empresa não havia comentado as acusações.