Estudantes dos cursos de mestrado e doutorado da UEL (Universidade Estadual de Londrina) promovem mobilização de conscientização dos londrinenses sobre os trabalhos de pesquisa feitos na instituição de ensino, em busca de apoio contra os cortes de bolsas promovidos pelo governo federal. Os estudantes aderem nesta quarta-fera (2) à paralisação nacional convocada pela ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduação) e vão ao Calçadão conversar com a população e expor os trabalhos científicos apresentados em congressos e eventos, a partir das 13h.

As atividades também devem ser promovidas no HU (Hospital Universitário), no Ambulatório do HC (Hospital das Clínicas), no HV (Hospital Veterinário) e no Escritório de Aplicação de Assuntos Jurídicos, todos serviços prestados à comunidade pela UEL e que contam com a atuação dos estudantes para funcionar. Na visão dos estudantes, este será um público fortemente atingido pelas medidas de austeridade econômica no âmbito da pesquisa e da educação.

Segundo a Proppg (Pró-Reitoria de Pós-Graduação) da UEL, a instituição deve sofrer uma redução de 25% no repasse de recursos destinados a bolsas de pesquisadores, em decorrência dos cortes anunciados pelo governo federal desde fevereiro deste ano.

A UEL tem 2.874 pesquisadores vinculados a 50 programas de pós-graduação stricto senso (mestrado e doutorado), dos quais 1.355 eram bolsistas no início de 2019. A universidade captava aproximadamente R$ 2,7 milhões ao mês das agências de fomento Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), com 937 bolsas, seguida pela Fundação Araucária (338 bolsas) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que custeava 80 pesquisadores0. Após os sucessivos cortes a nível federal, a Universidade passa a ter 695 bolsas.

A mestranda de Comunicação Social Maria Fernanda Almeida Torres é uma das prejudicadas pelo corte de verbas para pesquisa promovido pelo governo federal. Ela perdeu a bolsa de R$ 1,5 mil, que não foi renovada. “Eu senti na pele os efeitos disso. Ia apresentar uma parte da minha pesquisa em Belém (PA) e, por conta deste corte, não pude ir”, conta. A capital paraense sediou, na primeira semana de setembro, a edição deste ano do Intercom (Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação), principal evento para pesquisas em comunicação do Brasil.

Segundo ela, a ação dos pesquisadores marcada para esta quarta em Londrina tem o objetivo de demonstrar à população londrinense todos so serviços de extensão que são promovidos pela UEL e sensibilizá-los para as consequências que a falta de recursos trará para esses atendimentos à comunidade, que são gratuitos. “Acredito que há um distanciamento das pessoas em relação ao que é feito dentro da universidade e isso talvez leve à desvalorização dos nossos trabalhos. Queremos que entendam que o que fazemos é um trabalho sério e que traz reflexos para a sociedade”, diz.