Marisa Folgato
Agência Estado
De São Paulo
A situação de 77,5% das rodovias brasileiras está entre deficiente e péssima, segundo pesquisa de 1999 da Confederação Nacional do Transporte (CNT). ‘‘Já foi pior (92,3% em 1997), mas continua longe do que deveria ser, para dar segurança’’, diz o presidente da CNT, Clésio Andrade.
‘‘Em que pesem as reclamações quanto ao alto preço dos pedágios, a melhora ocorreu nas Regiões Sul e Sudeste, onde as estradas foram privatizadas’’, informa o estudo, que avaliou 38.188 km de rodovias federais (74,3% da malha rodoviária federal) e 4.627 km da rede estadual.
Para o assessor jurídico do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo (Setcesp), Carlos Breda, como as concessionárias receberam as estradas paulistas em bom estado, os pedágios estão caros. ‘‘Só dá para perceber que estão limpas e com buracos tapados, como antes, e é pouco na relação custo-benefício.’’ Segundo especialistas, seriam precisos de R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões para recuperar as rodovias federais. Mas os recursos empregados pelo governo estão longe disso.
A falta de investimentos colocou a malha numa situação dramática, responsável por boa parte dos milhares de mortos todos os anos em acidentes e por prejuízos graves, como a perda de até 20% da safra. Deve-se em boa parte a essa precariedade o fato de o custo operacional do transporte no Brasil ser 30% maior que em outros países. As rodovias respondem, segundo a CNT, por 64% do transporte no País. ‘‘O ideal seria 40% ferroviário, 40% rodoviário e o restante aéreo e hidroviário’’, diz Andrade.
A frota brasileira aumentou 60% nos últimos 12 anos. Em 1988, rodavam pelo Brasil 12,5 milhões de veículos. Hoje, são 20 milhões, pela estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A infra-estrutura para a circulação dessa frota não acompanhou nem de longe esse desempenho e os congestionamentos viraram rotina nas cidades e rodovias.