Período de calor levanta alerta para o risco de afogamentos
Cuidado deve ser redobrado com as crianças, já que até um balde com um pouco de água pode causar uma tragédia
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terça-feira, 26 de setembro de 2023
Cuidado deve ser redobrado com as crianças, já que até um balde com um pouco de água pode causar uma tragédia
Jéssica Sabbadini - Especial para a FOLHA
Os meses mais quentes do ano já chegaram e muita gente aguarda ansiosa para ir até praias ou piscinas em busca de um refresco para o calor escaldante. Apesar de ser um momento de diversão, os banhos e mergulhos podem ser perigosos, ainda mais em locais inapropriados, como rios e represas. O número de casos de afogamentos costuma aumentar nessa época, por isso é fundamental estar alerta para que a diversão não se torne uma tragédia.
Segundo Rene Bortolassi de Oliveira, capitão do 3° Grupamento do Corpo de Bombeiros de Londrina, a tendência é que os casos envolvendo afogamento aumentem nos meses mais quentes, como a primavera e verão, já que as pessoas costumam procurar por formas de se refrescar do calor. Só neste final de semana, foram registrados ao menos dois afogamentos: o de um bebê de 1 ano e 10 meses, que se afogou em uma represa em Barbosa Ferraz; e o de um jovem de 16 anos em São Mateus do Sul, que se afogou no mesmo rio em que uma criança de 11 anos permanecia desaparecida.
Em relação aos cuidados que as pessoas devem ter para evitar casos graves e até mesmo fatais de afogamento, o bombeiro explica que em relação às crianças, que são mais vulneráveis e não conseguem fazer sua auto segurança, até mesmo um balde com um pouco de água pode causar um afogamento. “Às vezes a criança brincou com o balde de água para se refrescar com um adulto monitorando, mas em um dado momento ele saiu de perto e a criança pode querer voltar a brincar e cair dentro do balde, por exemplo”, alerta. Além do isolamento das piscinas, ele acrescenta que as crianças não devem ter acesso a áreas com a presença de água sem o devido monitoramento de um adulto.
Outra situação comum, principalmente no período de férias e nas comemorações de final de ano, são de pessoas que ingerem bebidas alcoólicas e acabam perdendo um pouco da percepção e criando coragem para fazer algo que não têm costume. “Elas acabam entrando no meio líquido, o que é muito perigoso, ainda mais quando as pessoas entram em locais impróprios para banho, como rios e lagos, já que não dá para saber como é o fundo. Se tiver uma galhada ali elas podem ficar presas e serem vítimas de um afogamento”, ressalta. O conselho é mergulhar sempre em piscinas, que são próprias para banhos e mergulhos, e que é possível ter visibilidade do fundo.
Sobre a praia, que é um destino comum, Oliveira afirma que o local é ainda mais perigoso do que os rios, represas e piscinas. “Ali você pode ter uma falsa sensação de segurança, a água está na sua canela, mas de repente você dá dois passos e cai em uma vala e pode acabar se afogando”, destaca. Além disso, a força das marés também pode ‘puxar’ as pessoas para dentro do mar. “A orientação que eu sempre dou para quem vai para a praia é que fique com a água até o joelho. É lógico que é difícil, mas se você não tem expertise ou não sabe nadar, você não deve fazer mais do que isso”, afirma.
O capitão do Corpo de Bombeiros levanta o alerta de que muitas pessoas, na tentativa de ajudar algum familiar ou amigo que está se afogando, acabam se afogando também. Ele relatou um caso recente que aconteceu na região de Londrina de uma bola que caiu em um lago e um menino foi buscar e começou a se afogar. Um outro jovem que estava junto entrou para tentar ajudá-lo e acabou morrendo, enquanto que o primeiro conseguiu se salvar. “É uma situação muito perigosa e é por isso que nós falamos sempre: procure se banhar em locais próprios porque na maioria das vezes vai ter uma estrutura para casos como esse”, ressalta.
Oliveira afirma que não basta saber nadar para fazer um salvamento, já que a pessoa que está se afogando pode estar tão desesperada para se salvar que acaba utilizando da própria força para isso, podendo machucar e fazer com que a outra pessoa se afogue também. “O ideal é ligar imediatamente para o Corpo de Bombeiros e procurar algum tipo de objeto flutuante, como uma corda ou um galho comprido, que ele possa jogar para que essa pessoa se segure até a chegada das equipes. É tomar uma atitude que você não se coloque em risco também porque não adianta nada ter outra vítima se afogando”, pontua.
Em casos em que é possível retirar a pessoa de uma situação de afogamento, o bombeiro orienta que ela deve ser colocada de lado para que possa expelir parte da água ou vomitar. A dica vale para quando a vítima ainda permanece consciente; já em casos em que ela perdeu a consciência o suporte deve ser prestado pelas equipes do Corpo de Bombeiros, por isso a importância de comunicar a corporação o mais rápido possível através do 193.
“As pessoas devem escolher os locais ideais para se banhar. Às vezes é muito melhor brincar dentro de casa com uma mangueira de jardim, por exemplo, do que procurar um local em que elas podem se colocar em risco para ter no final a mesma coisa”, explica.