Londrina – Ainda não eram 7 horas da manhã e fiéis de Londrina já se colocavam a postos ontem para percorrer o Caminho Missionário Madre Leônia Milito. De cunho turístico religioso, a peregrinação de 17 km fez parte das ações para recordar os 35 anos do falecimento de Madre Lêonia, fundadora da Congregação das Missionárias de Santo Antônio Maria Claret e candidata à beatificação em Roma. Cerca de 100 pessoas participaram do trajeto, entoando cânticos e orações.
O percurso, que cortou a área urbana, teve início na Capela Nossa Senhora do Caminho, na rodovia BR-369, em Cambé - local onde a religiosa faleceu -, e seguiu até o Santuário Eucarístico Mariano, em Londrina, na avenida que leva seu nome. Até chegar ao destino final, na Gleba Palhano, os participantes passaram por chácaras, condomínios e plantações.
A intenção com o passeio, explica a irmã Aparecida de Lourdes Arado, foi refletir um pouco sobre a trajetória de Madre Leônia. "Ela morreu a caminho e esteve a caminho. A missão dela sempre foi caminhando", comenta. A iniciativa também tentou alertar sobre a necessidade de paz no trânsito, uma vez que Madre Leônia é considerada no município padroeira da Vida no Trânsito.
Além da comunidade local, participaram do caminho missionário pessoas de outras regiões, como o Nordeste, Centro-oeste e do exterior. Da Costa do Marfim, Nadine Nomel, de 31 anos, está se preparando para os votos perpétuos na congregação de Madre Leônia. "Elas (irmãs claretianas) estão há 45 anos no meu país. Estou fazendo um curso de formação e vim para a caminhada porque me identifico muito com a história da Madre", frisa.
A admiração pela religiosa também levou a psicóloga Izabel Vieira, de 57, do Estado do Alagoas, a aproveitar a estada em Londrina para percorrer o caminho missionário. "Já visitava a capela antes, gosto muito da história dela, acho que merece ser beatificada", comenta.
A caminhada reuniu ainda pessoas que acreditam ter recebido graças por intermédio de Madre Leônia. Foi o caso da vendedora Sirlene Ferreira dos Santos, de 47. Portadora de neurocisticercose, ela conseguiu engravidar cinco vezes depois de ouvir dos médicos que nunca poderia ter filhos. "O mais velho tem hoje 24 anos. Sempre pedi ajuda da Madre e ela não nos abandonou. Para mim, já é uma santa", defende.

A MISSIONÁRIA
Maria Milito nasceu em Sapri, na Itália, em 23 de junho de 1913. Entrou aos 16 anos na Ação Católica. Foi depois de ingressar no Noviciado, em 1935, na Congregação das Pobres Filhas de Santo Antônio, que passou a ser chamada de irmã Leônia Milito. Em 1943, fez os votos perpétuos. Uma década depois, veio ao Brasil com a missão de coordenar um grupo de irmãs que residiam no interior paulista.
Em 1958, fundou, junto com dom Geraldo Fernandes Bijos, o primeiro bispo da Diocese de Londrina, a Congregação das Missionárias de Santo Antônio Maria Claret. A família religiosa está presente hoje em 17 países, nos cinco continentes.
Madre Leônia faleceu em um acidente de trânsito, em 22 de julho de 1980, quando retornava de Cambé com outras religiosas. Com as malas prontas em casa, ela viajaria no mesmo dia para São Paulo, de onde seguiria para missão na Europa e África.