Giovani Ferreira e
Rubens Burigo
De Curitiba
O governo do Estado resolveu agir no início da tarde de ontem e determinou que a Secretaria de Segurança acabasse com as manifestações dos caminhoneiros. O Pelotão de Choque da Polícia Militar foi acionado e foi acusado pelos caminhoneiros de usar de violência durante as operações nas BR-277, próximo ao porto de Paranaguá, e na BR-376, em Ponta Grossa.
Armados e com o auxílio de cães, 200 policiais teriam entrado nos postos Roseira e Locatelli com a ordem de acabar com a paralisação e colocar os caminhões de volta na pista. O governo estaria agindo para dispersar a paralisação, desobstruir a pista e restabelecer o tráfego normal nas rodovias.
O secretário de Segurança, José Tavares, afirmou no início da noite de ontem que não houve violência (leia texto nesta página). Em Paranaguá, os policiais agiram durante a tarde e em Ponta Grossa no início da noite.
Mauro Biscaia, proprietário do Posto Roseira, que discorda da avaliação de Tavares, acusou os policiais de terem invadido uma área de sua propriedade. De acordo com o empresário, um policial teria dito que ‘‘recebemos ordem para limpar e vamos limpar’’. O tumultuo teria começado com a chegada dos policiais, pois segundo Biscaia, as manifestações vinham sendo pacíficas e não houve bloqueio da rodovia.
‘‘Eles usaram cães e apontaram armas para os motoristas’’, disse Biscaia, mostrando-se indignado com o comportamento dos policiais. Entendendo que a polícia errou invadindo seu posto, Biscaia disse que eles obrigaram os motoristas a entrar nos caminhões e ir embora. ‘‘Quem tentou argumentar foi reprimido de forma violenta pelos policiais’’, acusa Biscaia. ‘‘Não faltou muito para uma tragédia’’.
No Posto Locatelli, o segundo a ser desocupado pela polícia, o funcionário Arildo da Silva disse que os policiais andaram batendo nos motoristas’’. Arildo contou que eles chegaram a entrar no restaurante do posto e obrigaram os caminhoneiros a sair.
O motorista José Altair Senger, de Ponta Grossa, contou que os PMs foram bastante violentos e usaram bombas de gás lacrimogênio para obrigá-los a deixar o restaurante do Posto Locatelli. ‘‘Nos ameaçavam com cães e vários caminhoneiros foram agredidos com cassetetes’’, detalhou.
‘‘Estou revoltado com a agressão que sofremos. Estávamos fazendo uma manifestação pacífica, sem bloquear a rodovia e, quando vimos, o restaurante foi invadido e todos fomos obrigados a sair’’, relatou Edssandro Berger, também de Ponta Grossa. Depois da confusão os caminhoneiros tentaram subir a Serra do Mar, em comboio, trafegando em baixa velocidade. ‘‘Várias policiais que estavam nos acompanhando em viaturas do Batalhão de Choque, nos ameaçaram para que fôssemos mais rápidos’’, denunciou Sérgio Dallacosta, de Francisco Beltrão. ‘‘Fomos tratados como cachorros’’.
Para evitar a congestionamento no posto de pedágio da serra, foram abertas várias cancelas no sentido litoral-Curitiba. No começo da noite uma fila quilométrica se formou a partir do contorno de acesso à BR-116, em Curitiba.