Rio de Janeiro - Um pastor de uma igreja evangélica de Curitiba aparece em vídeo publicado nas redes sociais benzendo um arsenal levado para o templo no último sábado (12) por um delegado de Polícia Civil.

Na gravação, o delegado Tito Barichello, da 2ª Delegacia de Homicídios da capital, filma o pastor da Igreja Agnus, Renê Arian, realizando uma unção com óleo em um fuzil, uma espingarda e uma série de revólveres. Segundo o líder evangélico, o objetivo da cerimônia é proteger a população.

Também estão presentes a delegada Tathiana Guzella, mulher de Barichello, uma pastora chamada Erlane e um investigador identificado como Cabelo.

"Senhor Deus, em nome de Jesus, nós ungimos essas armas para a segurança da nossa população de nossa cidade, Senhor. Nós pedimos que o Senhor venha nos guardar, venha nos proteger, através dessas armas", diz Arian na filmagem.

O pastor também afirma que a unção protegerá a sociedade dos "homens maus".

"Nós ligamos, através da unção com óleo, essas armas que serão para a nossa proteção, para guardar a população, em nome de Jesus, contra os homens maus. Para a glória, Deus e louvor, de seu nome, nós pedimos que o Senhor nos guarde, nos livre e nos proteja, em nome de Jesus."

Ao fim da gravação, o delegado agradece a unção e diz que as armas serão usadas "na defesa da sociedade, dentro das regras estabelecidas pela própria sociedade".

O vídeo foi publicado nas redes sociais de Barichello, que conta com mais de 40 mil seguidores no Instagram. O delegado afirmou em sua postagem que as armas em questão são particulares.

Nos comentários, alguns internautas criticaram a bênção de um instrumento que serve para matar. Em janeiro, um padre também benzeu novos armamentos comprados para a guarda civil de Curitiba.

A reportagem não conseguiu contato com Barichello, ou com o líder religioso.

Ao jornal O Globo, ele afirmou que as armas são privadas e legalizadas e que a ideia partiu do pastor. "A unção tem um sentido de benção, para que aquilo, apesar de poder causar um dano a outro, seja um instrumento de paz. Na polícia, organizamos para que não ocorra reação do investigado. A ideia da arma é não utilizá-la", disse ao jornal.

Em resposta à Folha de Londrina, a Polícia Civil enviou uma nota. "Polícia Civil do Paraná, por meio da Corregedoria Geral, está realizando investigação preliminar para apurar a conduta dos servidores."

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